Territórios e Saberes

Linguagem e cultura ancestral do povo Pataxoop são destaques em eventos gratuitos no CCBB

Liça Pataxoop, educadora e liderança Muã Mimatxi, vai falar sobre os ensinamentos e memória

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
Publicado em 20/02/2024 às 14:35.
Tehêys de Liça Pataxoop (Espaço do Conhecimento UFMG)
Tehêys de Liça Pataxoop (Espaço do Conhecimento UFMG)

Um dos grandes símbolos de resistência dos Pataxoop são os tehêys, instrumento de pesca que ganhou novos significados ao se transformar em desenhos que narram ensinamentos e a memória do seu povo. No próximo domingo (25), às 16h30, essa história será contada no Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte por Dona Liça Pataxoop, educadora e liderança da aldeia Muã Mimatxi.

Utilizando os tehêys como método de ensino, ela apresentará um pouco da sua rotina como professora e os desafios de manter viva a língua ancestral Pataxoop para as novas gerações. A iniciativa, realizada pelo CCBB Educativo – Territórios e Saberes, é uma homenagem ao Dia Internacional da Língua Materna, celebrado em 21 de fevereiro. O evento tem entrada gratuita mediante inscrição: https://forms.gle/5FzBk5aj1BhLduQB9.

“Tehêys: minha escrita é o desenho”
Dona Liça Pataxoop, mulher indígena e professora da aldeia Muã Mimatxi, da etnia Pataxós, na região de Itapecerica (MG), é também ilustradora. Seus desenhos-narrativa, chamados tehêy, já foram exibidos em exposição e viraram um livro, no qual é possível ouvir histórias a partir de QRcodes.

Ela conta que têhêy, originalmente, é um instrumento usado pelas mulheres do povo Pataxoop para pescar em córregos, nas beiradas de rios e lagoas. Quando se “terreia” a água, os peixes surgem na rede e é possível separar os grandes – que servirão de alimento – e os pequenos – que serão soltos para que cresçam. É a partir do nome dessa rede de pesca que ela batizou os desenhos que guardam a história do povo Pataxoop, e que são uma forma tradicional de ensino e aprendizado utilizado na escola da aldeia.

Para Danilo Filho, coordenador do CCBB Educativo, é importante que os espaços de produção de conhecimento se voltem para alfabetizar a população acerca da cultura ancestral. “Esse ensinamento se dará por meio da oralidade, de conversar com seus protagonistas, de abrir espaço para que contem sua história. E é nisso que estamos apostando ao realizar não só essa atividade, mas todo o projeto Territórios e Saberes. Dona Liça vem fazer no CCBB o que já faz na aldeia: ensinar sobre a cultura Pataxoop. Acredito que só assim conseguiremos reconhecer que nossa ancestralidade brota da mesma raiz e que é urgente que defendamos os povos originários e sua história”.

Alfabetizar Cantando é tema de bate-papo no sábado

A cultura de ensino Muã Mimatxi também será tema do encontro Práticas e Reflexões, que ocorre no sábado, 24 de fevereiro, das 10h30 às 12h30. Para conduzir a conversa “Alfabetizar Cantando”, o CCBB Educativo convidou o professor Saniwê Pataxoop, doutorando em Educação pela FAE/UFMG e educador da Escola Estadual Indígena Pataxó Muã Mimatxi.
 
No bate-papo, ele vai abordar suas experiências e reflexões como professor utilizando o método Alfabetizar Cantando. Antigamente, os ensinamentos, histórias e costumes do povo Pataxoop eram repassados aos jovens e crianças em uma roda de conversa. De maneira lúdica e participativa, eram usados cantos e danças para reforçar as narrativas orais. Hoje, na aldeia Muã Mimatxi, há uma escola que cumpre o papel de formar os jovens nas tradições da cultura indígena e do ensino ocidental, mas segue usando a música para alfabetizar crianças. A entrada é gratuita mediante inscrição: https://forms.gle/ZxPwp8fsgpyjaGgLA.

Serviço

CCBB Belo Horizonte
Praça da Liberdade, 450 – Funcionários, Belo Horizonte – MG
Funcionamento – Quarta a segunda, das 10h às 22h.
Telefone: (31) 3431-9400
E-mail: ccbbbh@bb.com.br 

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