Brincadeira perigosa

Mais de 140 mil consumidores em Minas ficaram sem luz após pane na rede causada por pipas

Número é praticamente o mesmo registrado de janeiro a maio deste ano; este mês, jovem de Ribeirão das Neves morreu ao tentar resgatar papagaio e sofrer um choque elétrico

Do HOJE EM DIA
portal@hojeemdia.com.br
22/07/2024 às 13:34.
Atualizado em 22/07/2024 às 18:26
 (Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

Mais de 140 mil consumidores tiveram a energia cortada apenas em junho, devido a panes provocadas por pipas que caem na rede elétrica. O número é praticamente o mesmo registro de janeiro a maio deste ano, quando a Cemig contabilizou 150 mil usuários que ficaram no escuro. 

Em maio, a Cemig já havia registrado aumento de 50% no número de clientes vítimas do "apagão das pipas". Somando os números do primeiro semestre deste ano, cerca de 300 mil usuários foram afetados.

Na Região Metropolitana de BH, mais de 100 mil consumidores ficaram sem energia elétrica em função das ocorrências no mês passado. Considerando o primeiro semestre do ano, foram contabilizadas 503 ocorrências.  

Além dos problemas à rede elétrica, a brincadeira pode causar sérios acidentes. Na última semana, um jovem, de Ribeirão das Neves, morreu ao tentar resgatar um papagaio da rede de média tensão e sofrer um choque elétrico. 

Orientações para uma brincadeira sem acidentes

“Soltar pipa é uma atividade lúdica e que as crianças e jovens gostam muito. Mas é importante que se tenha consciência de que a brincadeira deve ser realizada em áreas abertas e sem rede elétrica, pois pode causar acidentes graves ou provocar interrupções no fornecimento de energia e prejudicar muitos clientes”, afirma o engenheiro eletricista da Cemig, Demetrio Aguiar.

O especialista alerta que quando uma linha de papagaio é cortada, o vento carrega aleatoriamente o aparato, que pode cair sobre redes elétricas ou vias públicas, provocando acidentes ou interrupções no fornecimento de energia.

Outra situação que também deve ser evitada é o resgate de pipas presas à rede elétrica. O engenheiro alertou que a ação é muito arriscada e pode causar acidentes graves.

“As redes de distribuição e transmissão, bem como as subestações da Cemig, são construídas dentro de padrões das normas técnicas brasileiras com características e distanciamento que são seguros”. 

A Cemig destacou que, ao longo do ano, realiza campanhas de segurança e conscientização sobre os riscos de se soltar pipas próximas das redes elétricas em escolas, entidades e veículos de comunicação.

Linhas cortantes são proibidas por lei

A lei 23.515/2019 proíbe a utilização de cerol ou linha chilena no estado. Essa legislação, que veda a comercialização e o uso de linha cortante em pipas, papagaios e similares, está em vigor desde dezembro de 2019. A multa para quem for flagrado vendendo linhas cortantes varia de R$ 5.279,70 a R$ 263,98 mil (em casos de reincidência). Já quando a linha cortante apreendida estiver em poder de criança ou adolescente, seus pais ou responsáveis legais serão notificados da autuação e o caso será comunicado ao Conselho Tutelar.

Além da legislação, o engenheiro da Cemig alerta para o fato de que o cerol pode transformar uma simples linha de papagaio em material condutor e provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede.

“São materiais altamente condutores e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos da rede de energia, causando o choque elétrico”, afirma.

As linhas cortantes também representam perigo para outras pessoas. “Quando alguém utiliza uma linha cortante, ela pode romper os cabos de energia e causar acidentes graves para quem está brincando ou com outras pessoas. Nunca se deve usar cerol ou linha chilena neste tipo de brincadeira”, alerta o especialista.

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