Mau cheiro causa incômodos e castiga moradores em Sabará

Carlos Calaes - Do Hoje em Dia
08/01/2013 às 11:51.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:24

(Frederico Haikal)

Primeiro povoado de Minas Gerais, a histórica Sabará, na Grande BH, acaba de receber um título nada honroso: a “Terra do Fedor”. Moradores da cidade afirmam que a “honraria” deve-se ao mau cheiro do processamento de restos e ossos de origem animal que emana 24 horas da empresa Indugaia, na rua Gaia, bairro Siderúrgica. A situação é tão gritante que há uma comunidade no Facebook denominada “Fora Indugaia”.

Moradores da cidade já acionaram a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e registraram a denúncia número 20.389 junto à Diretoria de Atendimento às Denúncias do Cidadão e de Órgãos de Controle (Dadoc).

Após receber a denúncia, o Hoje em Dia foi ao local para conferir e constatou o mau cheiro permanente, que torna o ato de respirar uma tarefa difícil, tamanha a ânsia de vômito.

A reportagem conversou com vários moradores que convivem há anos com o problema que se agrava cada vez mais. O comerciante Alexandre Cosme Cardoso, de 41 anos, dono de um bar bem em frente à entrada da empresa, disse que a Indugaia funciona no local há 40 anos. Ele afirmou que há cerca de pouco mais de um ano a situação saiu do controle, o odor tem se intensificado e está insuportável.

“Não tem hora para o fedor. É de dia, de noite, no Natal, no Ano Novo, todo dia”, reclamou. Alexandre disse que, por conta do mau cheiro, já perdeu mais de 70% da clientela. “Ninguém mais vem aqui e quem passa de carro para continuar pela BR-262 tapa o nariz e até nos olha balançando a cabeça”, afirmou. Alexandre disse que já tentou reclamar com o proprietário, Fernando Ferri Amaral e o gerente, identificado apenas como “Júnior”, sem sucesso.

Brinquedos

Por ironia, bem em frente à empresa foram instalados brinquedos para crianças. O aposentado Pedro Paulo Dias, de 61 anos, confirmou a dificuldade de permanecer no local. “Tá cada dia mais difícil”, reclamou. Na casa da dona de casa Eva Gordiano Rodrigues, de 49 anos, que mora no local há 35 anos, a situação é crítica. Segundo ela, à noite, com o calor, a casa tem de ficar com as portas e janelas fechadas por causa do mau-cheiro. “Agora, imagine ficar dentro de uma casa fechada com todo esse calor, sem poder abrir uma janela para entrar um ar fresco?”.

Seu tio, Daniel Soares, de 76 anos, que veio do Rio de Janeiro para passar as festas de final de ano se disse impressionado com a situação. “Com o mau cheiro e o calor, fica parecendo o inferno”, comparou, sem perder o bom-humor, A cabeleireira Graziela Costa, de 27 anos, disse que a situação no lugar “é difícil demais” e que a sua filha de 6 anos reclama muito do mau-cheiro. A empresa já foi multada pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) por agressões “gravíssimas” ao meio ambiente constatadas no projeto de implantação dos sistemas de tratamento de efluentes atmosféricos ineficientes e descarte de resíduos irregular. A empresa recorreu, mas a Feam manteve a multa.

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