(Dione Afonso)
Médicos mineiros que tiverem participação confirmada no esquema nacional de fraude em vestibulares de Medicina de todo o país terão o registro profissional cassado. A afirmação é do presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), João Batista Gomes Soares.
Segundo ele, dentro de alguns dias, a Polícia Federal deverá repassar ao órgão o nome de eventuais médicos e dos estudantes mineiros envolvidos no crime. Na quarta-feira, uma quadrilha suspeita de vender vagas em faculdades por até R$ 80 mil foi desbaratada pela corporação.
A qualquer preço
“O episódio causou bastante preocupação, uma vez que profissionais que obtêm diploma médico a qualquer custo representam um grande perigo para a sociedade. Há, também, notícia de envolvimento de médicos, o que precisa ser confirmado”, disse Soares.
Ele afirma que o papel do CRM-MG não é investigar a conduta dos profissionais e a forma para conseguir o diploma, mas expedir o registro para exercício da profissão. “Não temos como saber se o diploma é legítimo ou não. Mas, nesse caso, devemos receber informações da Polícia Federal com nomes de estudantes que se beneficiaram e de eventuais médicos envolvidos na fraude. Aí, para os médicos, a cassação do registro será sumária”, diz o presidente do conselho.
A Operação Calouro foi deflagrada pela Polícia Federal em várias cidades do Brasil. O objetivo era desarticular uma organização criminosa especializada em fraudar vestibulares de Medicina em instituições de ensino superior.
As investigações duraram um ano e meio e tiveram início na capital capixaba, mas a Polícia Federal detectou ramificações da quadrilha em todo o país.
Em Minas Gerais, foram expedidos 18 mandados de busca e apreensão, sete de prisão preventiva e 11 de temporária. No total, foram cumpridos 70 mandados de prisão e 73 de busca, emitidos pela Justiça Federal de Vitória.
Em território mineiro, Belo Horizonte, Itajubá, Manhuaçu, Itapagipe, Uberlândia, Governador Valadares, Oliveira, Iturama, Manhumirim, Montes Claros, Uberaba e Araguari foram alvos da operação. Suspeitos foram presos na capital e em Montes Claros, Araguari, Itapagipe e Iturama. Eles teriam se passado por candidatos e feito as provas em nome de outras pessoas, usando documentos falsos.
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