Nenhuma das 17 vacinas incluídas no calendário infantojuvenil está em dia no Estado. As metas de cobertura variam de 80% a 95%, mas há casos em que o índice sequer chegou a 2%. O medo dos pais de levar os filhos aos postos de saúde, durante a pandemia de Covid-19, ajuda a explicar números tão baixos, que colocam em risco crianças e adolescentes mineiros.
Aplicadas conforme preconizam os órgãos de saúde, as doses protegem contra 20 doenças. Mas, sem a imunização, médicos e autoridades temem uma explosão de enfermidades – hoje controladas – nos próximos meses ou anos. Entre elas, poliomielite, meningite, sarampo, varicela e febre amarela.
A falta de atualização do cartão de vacina deixa a Secretaria de Estado de Saúde (SES) em alerta. Coordenadora do programa de imunizações da pasta, Josianne Gusmão destaca que muitas doenças que pararam de ser problema de saúde pública – justamente devido às imunizações – podem retornar.
A servidora frisa aos pais que levem os filhos a um posto de saúde para atualizar a caderneta. “Uma criança vacinada fica protegida e impede que outras pessoas também adoeçam. É importante reforçar que a vacinação é um serviço essencial, inclusive, na pandemia de Covid-19. Sem imunização, podemos sofrer surtos de outras doenças”, observou.
Diariamente, a pediatra Beatriz Adriane Gonçalves tenta convencer os pais sobre a importância da proteção. No consultório particular ou nos hospitais Odilon Behrens e São Camilo, onde atua, ela constata o mesmo que a SES: em 2020, a imunização está muito pior. A médica também atesta que os responsáveis pelas crianças e adolescentes evitam unidades de saúde pelo coronavírus.
“Oriento a procurar as salas de vacina nos horários mais vazios. Quem puder contratar o serviço particular, pode optar pelo domiciliar. Tem clínicas vacinando com horário marcado e até drive-thru. Há várias formas de fazer com segurança, o fundamental é não atrasar o calendário”.
Assessora da Diretoria de Promoção e Vigilância à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Jandira Lemos engrossa o coro sobre a importância das 17 vacinas oferecidas gratuitamente no SUS. Segundo ela, durante a pandemia, as demais proteções são ainda mais fundamentais.
“Falamos do isolamento social para evitar a infecção pela Covid-19, mas a vacina é essencial. Assim como o novo coronavírus, há outras doenças que podem desenvolver a forma grave e necessitar de internação, complicando ainda mais o sistema de saúde”.
Em BH, as vacinas para crianças e adolescentes são oferecidas nos 152 centros de saúde. As salas são separadas das demais alas do posto e, por isso, seguras.
“Não cruza com pacientes da unidade. O atendimento é individualizado. Mesmo assim, é importante manter distanciamento de um metro e meio, usar máscara e álcool em gel nas mãos para evitar contágio pela Covid”, diz Jandira.