Memorial no Anel Rodoviário alerta população e autoridades sobre riscos na via

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
Publicado em 03/09/2018 às 06:00.Atualizado em 10/11/2021 às 02:14.
 (Lucas Prates)
(Lucas Prates)

Quinze mortos e 508 pessoas feridas em oito meses. Esse é o saldo deixado por engavetamentos, colisões e atropelamentos no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Os dados são da Polícia Militar Rodoviária. Sem obras de revitalização previstas a curto prazo, quem vive às margens da rodovia busca conscientizar a população e alertar autoridades sobre a necessidade de melhorias na via. 

Foi o que fez o comerciante Wagner Alves, morador do bairro Jardim São José, na região Noroeste, ao criar um memorial em homenagem às vítimas. O monumento decorado com flores tem uma réplica em miniatura do Cristo Redentor. “Fiquei sensibilizado porque conheci algumas pessoas que perderam a vida aqui”. Ele garante ter perdido a conta de quantos acidentes viu acontecer por ali. Mas nem as ocorrências parecem despertar quem passa pela rodovia.

Casos de imprudência de pedestres, por exemplo, são frequentes, como constatou o Hoje em Dia. A reportagem flagrou um homem atravessando a pista exatamente em frente ao memorial, mesmo havendo duas passarelas a poucos metros do local. 

Situações como essas acontecem porque muitas pessoas ainda consideram o Anel como uma via urbana, diz Agmar Bento, professor de segurança viária do Cefet-MG. Para mudar a postura de pedestres e motoristas, avalia o especialista, além da conscientização, é preciso melhorar a infraestrutura da rodovia e reduzir a velocidade. 

Outro ponto destacado é a necessidade de respeito às regras de tráfego em estradas com trânsito misto. “Não existe divisão física para o fluxo de caminhões, mas há uma regulamentação que obriga esses veículos a andar na faixa da direita”, acrescenta o professor.

Pedestres se arriscam ao atravessar o Anel Rodoviário fora das passarelas

Pedestres se arriscam ao atravessar a via fora das passarelas


Desastre

Foi justamente um acidente envolvendo uma carreta que tirou a vida do jovem Deivid Nobre, em julho de 2015. O rapaz, à época com 20 anos, seguia de moto para o trabalho, no sentido Vitória, quando foi fechado em uma ultrapassagem e jogado embaixo do veículo de carga.

“Nunca conseguimos descobrir nada. A família tentou de todas as formas, até que desistiu de correr atrás”, relata Elisia Pereira, tia de Deivid. 

Responsável pelo policiamento no Anel, o tenente Geraldo Donizete diz que a irresponsabilidade é a principal razão dos acidentes. “Pedestres que não usam a passarela, motoristas que exageram na velocidade, caminhoneiros que trafegam pela faixa da esquerda, motociclistas que ultrapassam em local proibido. Pelo menos 90% das ocorrências são por falha humana”. 

A prefeitura de BH ainda batalha para assumir a responsabilidade sobre a via. Depois de ter tido o pedido negado pela Justiça, o município recorreu e espera por novo julgamento, em Brasília (DF). 

(Colaborou Simon Nascimento)

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