Pacientes com câncer de mama em estado grave estão desde setembro sem um medicamento essencial para tratar a doença. Mesmo com decisão judicial favorável à distribuição gratuita, 170 mineiros sofrem com a falta da substância usada durante as sessões de quimioterapia. Nas farmácias, o remédio administrado a cada 21 dias chega a custar R$ 12.500.
Não há previsão de reposição. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) garantiu que o fornecimento será normalizado, mas aguarda o processo de licitação. Enquanto a situação não é resolvida, as pessoas seguem com medo e revoltadas.
“Preciso urgentemente para sobreviver. É angustiante o que estou vivendo. Essa situação só aumenta a minha depressão”, afirma a advogada Sayonara Reys, de 43 anos, que há quase duas décadas luta contra a enfermidade.
O mesmo desespero é vivido pela família da administradora Luciana de Assis Almeida, de 32. Desde janeiro, ela acompanha o tratamento da mãe, Vilma Terezinha de Assis Almeida, que está com o tumor. “Não temos condições de comprar o remédio e, como a doença avança muito rápido, cada dia conta muito”, diz.
R$ 12.500 nas farmácias
Imbróglio
O remédio Trastuzumabe não provoca queda de cabelo, diarreia nem vômito. É indicado a quem tem câncer de mama e fez um exame que atesta a presença da proteína “HER2+” – que indica quando o tumor é mais agressivo. O Ministério da Saúde fornece a medicação desde 2013. Porém, algumas regras impedem que todos sejam atendidos.
Dentre as restrições, o doente não pode estar sendo submetido a outros procedimentos. “O problema é que quase nenhum paciente é virgem de tratamento”, observou a coordenadora de Quimioterapia do Instituto Mário Penna, Juliana Chaia.
Na unidade de saúde, referência no acolhimento a quem tem carcinomas, são 41 pessoas aguardando pela substância. “O Trastuzumabe é uma terapia que mata as células cancerígenas e bloqueia o crescimento do câncer”, afirma a especialista.
Segundo a oncologista Aline Chaves Andrade, a bula do fármaco não traz restrições, desde que a pessoa apresente a proteína HER2+. “Os médicos julgaram que esses pacientes com ação na Justiça têm direito e devem receber. Tiveram o respaldo médico, mas eles foram excluídos dos critérios técnicos”.
O Ministério da Saúde não explicou os motivos das restrições, que impedem o fornecimento a todos. Até o fechamento desta edição, a pasta não se pronunciou sobre o assunto.
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