Mesmo depois que a via for liberada, motoristas dizem que vão evitar passar pela Pedro I

Danilo Emerich - Hoje em Dia
11/07/2014 às 20:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:21

(Weslei Rodrigues/Hoje em Dia)

Dez dias após a queda do viaduto Batalha dos Guararapes sobre a avenida Pedro I, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, o trânsito local ainda não tem data definida para ser liberado. A expectativa é que isso ocorra nos próximos dias e a via volte a receber um fluxo diário de 45 mil veículos. Porém, motoristas desconfiados da solidez da alça norte – parte da estrutura que permaneceu de pé, mas que registrou deslocamento de cinco centímetros no dia da tragédia – prometem seguir pelos desvios implantados pela BHTrans desde o dia do acidente, mesmo após a liberação do trânsito. Motivo: temor de novo desabamento.    Autoridades descartam o perigo. O coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel Alexandre Lucas Alves, garante que não há risco de queda. Reforçada com escoras, a estrutura é monitorada a cada meia hora, de forma preventiva.    “Garantimos à população que, por uma questão de segurança, a qualquer movimentação no viaduto nós informaremos e, se tiver algum problema que indique a necessidade de interdição, vamos fazer isso. Nós não vamos colocar a vida nem o patrimônio de ninguém em risco simplesmente para que a via seja liberada”, afirmou.     Esse entende de projeto   O empresário Fernando Lacerda, de 53 anos, entende bem de engenharia. Dono de uma construtora, sabe que se alguma etapa da obra for malfeita tudo conspirará para um resultado desastroso.    Passar debaixo da alça remanescente do viaduto Batalha dos Guararapes, somente daqui a uma semana. “É o tempo para saber se vai dar mais alguma coisa errada ou não. Até lá, continuarei pelo desvio por dentro dos bairros”, diz ele, que mora na região da Pampulha e sempre passa pela Pedro I de carro.     Paciência por um fio   A interdição da avenida Pedro I deixou o trânsito nos bairros vizinhos impraticável. Enfrentar, nos últimos dez dias, uma rotina de intermináveis congestionamentos minou a paciência da dona de casa Ivanir Eliza Vasconcelos, de 33 anos. Foi o suficiente para torná-la mais destemida. Ela prefere passar sob a alça a enfrentar mais engarrafamentos.    “A gente tem medo até de passar por outros elevados, mas não tem outra forma. Não dá para aguentar o trânsito do desvio”.     Psique abalada   O “trauma coletivo” provocado pela queda do viaduto afetou, quem diria, uma psicóloga A luzinha da desconfiança acende na mente de Manuela Correia, de 24 anos, sempre que ela passa debaixo (ou em cima) de qualquer viaduto de Belo Horizonte. Imagine então o que ela pensa sobre o Batalha dos Guararapes. “Não quero me arriscar. Vou pela rua Álvaro Camargos, mas não pego a Pedro I”.      Negociação de risco   O taxista Osvaldo Francisco Cruz, de 74 anos, gostaria de não passar pela avenida Pedro I, pelo menos até se sentir mais seguro. No entanto, a decisão independe de sua vontade, mas, sim, da dos clientes, com quem terá de negociar passar por caminhos mais longos. “Vou perguntar se posso fazer o desvio, porque senão ele pode achar que quero enganar para ganhar mais na corrida. Vou evitar passar por ali o máximo que eu conseguir”.     Atualizado às 11h52, do dia 12 de julho.

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