Há quase três meses em execução, a campanha de vacinação contra a Covid-19 já vacinou 2,3 milhões de mineiros. Porém, mais da metade (51%) dos idosos a partir dos 80 anos não receberam a segunda dose. Sem a proteção, essas pessoas ainda podem se contaminar e até desenvolver a forma mais grave da doença.
Ao todo, 492 mil idosos dessa faixa etária receberam a 1ª aplicação, mas pouco mais de 239 mil foram contemplados com o reforço, conforme dados de ontem da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Parte deste grupo recebeu a Astrazeneca, vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford que precisa de um intervalo de três meses para a 2ª dose – o que explica alguns não terem sido imunizados. Porém, outros aspectos observados por especialistas justificam a baixa cobertura.
Falhas nos agendamentos por parte das prefeituras e dificuldade de acesso aos postos de saúde estão entre os principais, atesta um estudo divulgado semana passada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Grande parte depende dos idosos depende de alguém para ir aos postos, lembra Guilherme Werneck, professor da UFRJ
Segundo os cientistas, apenas 33% desses idosos estão completamente imunizados no Brasil. “Grande parte depende de alguém para levar. Elas não têm autonomia para ir sozinhas ou podem ter medo de ir sozinhas”, diz o professor da UFRJ, Guilherme Werneck.
Para ele, para que a campanha acelere, é preciso ampliar os horários de funcionamento nos postos de saúde, principalmente aos fins de semana.
Há também a possibilidade de falha no agendamento de quem precisa receber o reforço em casa por conta de alguma condição de saúde. Werneck afirma que os municípios precisam de um sistema que dê conta de monitorar quem não recebeu a segunda dose, incentivando que voltem às unidades de saúde.
Além disso, o pesquisador também atribui a falta de informação como possível motivação para a baixa cobertura. “Uma campanha seria muito importante para esclarecer essas dúvidas e convencer as pessoas a voltar”, afirmou.
Demora na atualização
A demora de alguns municípios em atualizar os dados também não pode ser ignorada. Por nota, a SES informou que o controle é de responsabilidade dos municípios. Por isso, pode haver uma falha nos números, apontando menos pessoas protegidas do que realmente há.
A secretaria diz que orienta as prefeituras a manter as informações sempre atualizadas. Por outro lado, a SES garante que não há falta de vacina para a segunda dose, pois as unidades são disponibilizadas pelo Ministério da Saúde e enviadas em “tempo oportuno”.
A secretaria também informou que a busca pelos faltosos na vacinação é feita pelas equipes de saúde dos municípios, especialmente de Atenção Primária, que possuem contato direto com o usuário.
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