
Com a epidemia de dengue que se alastra pelo país, métodos caseiros de combate ao mosquito transmissor ganham a internet. Em um deles, um bombeiro de Mogi Mirim (SP) ensina a fazer um repelente contra o Aedes aegypti: uma mistura de álcool, óleo corporal e cravo da Índia. Porém, de acordo com especialistas, o uso de preparados pode ser prejudicial e ineficaz no combate à doença.
Superintendente de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Rodrigo Said alerta que receitas caseiras não têm embasamento científico e podem provocar reações alérgicas. “Os danos são individualizados e imprevisíveis. Qualquer produto só deve ser utilizado com recomendação médica”.
O gestor ressalta que até mesmo repelentes industrializados podem se mostrar ineficientes, pois o mosquito é resistente a alguns princípios ativos. “A melhor forma de combater a dengue é eliminando os criadouros que, em 90% dos casos, estão dentro das casas”, observa.
Mas há quem garanta que os métodos caseiros, de fato, funcionam. Há duas semanas, a universitária Fernanda Gurgel, de 20 anos, aprendeu, pela internet, a fabricar um repelente. Como já teve dengue, e com medo de contrair a forma mais grave da doença, a jovem armazena a mistura em garrafas pet, que ficam perto dela. “Às vezes, passo no corpo. Mosquitos nem se aproximam mais”.
As dicas caseiras sugeridas na internet não param por aí. De acordo com Rodrigo, comer alho e ingerir altas doses de vitamina B também não têm eficácia contra a dengue comprovada pela medicina.
Força-tarefa
Apesar de Minas ter confirmado pouco mais de 16 mil casos de dengue desde janeiro, menos da metade do mesmo período de 2014 (34 mil), o cenário preocupa. “A escassez hídrica fez muitas pessoas armazenarem água em casa e, muitas vezes, inadequadamente”, frisa Rodrigo Said.
Desde o início deste ano, 31 cidades receberam a força-tarefa da SES para evitar casos mais graves de dengue. Betim e Contagem (na Grande BH), Uberlândia (Triângulo) e Divinópolis (Centro-Oeste) são municípios com muitos casos e que estão sendo monitorados pelo Estado.
Em 2015, 12 pessoas já morreram em decorrência da dengue em Minas – contra 51 em todo o ano passado, quando foram registrados 49.360 doentes.