Por volta das 13h deste sábado (13), o músico Milton Nascimento chegou do Rio de Janeiro para o velório do amigo e compositor Fernando Brant, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Muito emocionado, ele conversou somente com a esposa de Brant e alguns familiares. Se aproximou do caixão e levou as mãos ao rosto, no canto dos olhos, como se fosse chorar.
Ao chegar, Milton não conseguiu falar com a imprensa, desculpando-se, disse apenas: "Cheguei agora do Rio de Janeiro" e foi para uma sala reservada no Palácio das Artes. Uma hora depois, mais tranquilo, ele se pronunciou. "A vida não teria sido tão linda se não fose o espírito de amizade do Fernando. Ele deve estar em um lugar bem especial agora". Bituca disse ainda que não possui canções inéditas com Brant.
Fernando Brant e Milton Nascimento são amigos e parceiros musicais desde os anos 1960, quando foi fundado o Clube da Esquina. É a primeira morte entre os integrantes do movimento.
Lô Borges, que também fundou o Clube da Esquina, lembrou das constribuições de Brant para a música e para Minas Gerais. “Ele fez coisas maravilhosas. Temos que lembrar apenas disso agora, de tudo de maravilhoso que ele fez.”
Outro parceiro de Clube da Esquina, o músico Toninho Horta falou do amigo Brant durante o velório. “Ele vai estar melhor na orquestra do céu.”
Vários artistas mandaram coroas de flores para o Palácio das Artes em homenagem a Fernando Brant. Entre eles, a cantora Fafá de Belém, que escreveu a mensagem: “Fez-se noite em meu viver”, lembrando um trecho da letra da música “Travessia”, de Brant e Milton.
O enterro está marcado para às 16h30, no Cemitério do Bonfim.
Fernando Brant
Brant foi vítima de complicações ocorridas de uma cirurgia de transplante de fígado. Ele deixa duas filhas e dois netos. Ele estava internado no Hospital das Clínicas da UFMG, onde foi submetido a primeira operação na última segunda-feira (8). Na terça-feira (9), iniciou um processo de rejeição ao órgão, e o músico passou por uma segunda cirurgia na madrugada, não resistindo às complicações e vindo a falecer por volta das 21h desta sexta.
Presidente da Sociedade Brasileira dos Compositores, Brant era um dos profissionais que mais lutava pela garantia dos direitos da classe.
Segundo o irmão do compositor, Roberto Brant, o enterro será no cemitério do Bonfim, no bairro Bonfim, região Nordeste da capital mineira. "Ele tinha uma amor incondicional por Minas Gerais e se manteve aqui até o fim da vida", diz Roberto.