Minas começa a produzir carvão sem gerar poluição

Renata Miranda - Hoje em Dia
Publicado em 22/05/2013 às 07:15.Atualizado em 21/11/2021 às 03:53.

A Fazenda Guaxupé, em Ubá, na Zona da Mata, é a primeira no país a produzir carvão sem emitir gases poluentes. Seus 24 fornos fabricam cerca de 45 metros cúbicos de carvão por dia, liberando apenas dióxido de carbono e vapor de água no meio ambiente.

O projeto, desenvolvido na Universidade Federal de Viçosa (UFV), foi testado durante pouco mais de um ano até que as fornalhas fossem ligadas na última segunda-feira.

“O dióxido de carbono é um gás com toxicidade bem menor que outros gerados na produção do carvão e acaba sendo recuperado na própria natureza pela vegetação. O que é gerado na fazenda entra num ciclo de recuperação lá mesmo, onde são plantados os eucaliptos para a produção”, afirma o engenheiro florestal Daniel Câmara, responsável pelo projeto.

Segundo ele, uma carvoaria convencional emite cerca de 200 tipos de compostos químicos na fumaça gerada pela queima da madeira. Entre eles, estão o ácido acético, metanol e hidrocarbonetos responsáveis por diversos males, principalmente respiratórios, ao organismo humano. Daniel observou que há ainda um aumento do efeito estufa.

O projeto aplicado na fazenda prevê que todos os compostos sejam tratados dentro de uma fornalha de incineração. Segundo Daniel, os gases chegam até este ponto de queima por meio de dutos vedados e são submetidos a uma temperatura de 800ºC a 1.000ºC. Sem o vapor de água, a combustão dos produtos tóxicos acontece até que reste apenas o dióxido de carbono.

Mecanizada

De acordo com o gerente da Fazenda Guaxupé, Gilvan Gaudereto, a expectativa agora é a de que o processo produtivo ecológico consiga créditos de carbono. Para isto, a empresa contratou uma consultoria que ainda vai medir quanto de poluentes a fornalha deixa de emitir.

Gilvan informou ainda que a refinaria de carvão trabalha com cerca de 60 pessoas. Todo o produto é encaminhado para uma siderúrgica multinacional instalada em Santos Dumont, também na Zona da Mata.

De acordo com Gaudereto, todo o processo produtivo é mecanizado. Sem revelar os custos de implantação, ele disse apenas que é compensado com a redução da mão de obra.

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