Minas tenta barrar chegada do ebola

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
Publicado em 07/08/2014 às 07:32.Atualizado em 18/11/2021 às 03:41.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) adotará, em parceria com o Ministério da Saúde, medidas de monitoramento de passageiros provenientes da Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa, países africanos onde há uma epidemia de ebola. O objetivo é evitar a chegada da doença a Minas.

O anúncio do plano de enfrentamento do vírus em território mineiro deverá ser feito na próxima terça-feira. Nessa quarta-feira (6), foi realizada uma videoconferência entre os dois órgãos para detalhar as ações que serão praticadas aqui.

De acordo com a médica infectologista e assessora da Subsecretaria de Vigilância e Orientação à Saúde, Tânia Marcial, a SES está acompanhando o desembarque de passageiros vindos da África.

“Temos um fluxo muito grande de mineiros trabalhando na África, principalmente na construção civil. Embora o risco de a epidemia chegar ao Brasil ser muito baixo, estamos nos preparando para lidar com alguma ocorrência da doença”, afirma Tânia.

Procedimento

Segundo a médica, são considerados casos suspeitos os das pessoas que apresentam febre, dores de cabeça e muscular, vômito, diarreia e hemorragia, até 21 dias após o retorno ao Brasil, já que esse é o período máximo de incubação do vírus. Nesse caso, o Hospital Eduardo de Menezes, na região do Barreiro, será referência para o tratamento dos pacientes.

“Não ir aos países onde há casos da doença registrados é a única forma de prevenção atualmente”, afirmou.

Em Minas, hospitais e unidades de saúde foram orientados sobre a importância de notificar a SES caso algum paciente dê entrada com os sintomas de contaminação por ebola.

Segundo Tânia, se houver confirmação, as medidas de tratamento serão estendidas aos familiares, amigos e colegas de trabalho. “Para cada pessoa doente, acompanhamos, em média, 70 contatos dela”.

Cuidados

De acordo com a coordenadora do Comitê Saúde do Viajante, da Sociedade Brasileira de Infectologia, Sylvia Lemos Hinrichsen, é indispensável que o paciente infectado receba o tratamento adequado logo após o diagnóstico da doença. Em média, de 50% a 70% dos doentes não resistem aos sintomas e acabam morrendo.

“O ebola é um vírus que tem ação em vasos sanguíneos, o que ocasiona hemorragias que podem levar à morte, especialmente se medidas de suporte – como fluidos para substituir os que forem perdidos em vômitos e diarreias e medicamentos para baixar a febre – não forem tomadas de imediato”, diz Sylvia.

Presente na Nigéria e na Guiné, a Andrade Gutierrez informou, por meio de nota, que “está acompanhando de perto a evolução do caso e que tomará outras providências, se necessário”.
 
Confira os sintomas da doença
 
O ebola é uma doença causada por um vírus responsável por provocar febre, dores de cabeça e muscular, vômito, diarreia e hemorragia. Acredita-se que o hospedeiro natural seja o morcego da espécie que se alimenta de frutas.

O animal transmite o vírus, principalmente, a macacos, que contaminam os humanos pelo contato direto. Entre as pessoas, a transmissão ocorre por meio do contato com sangue, saliva, suor, urina, vômito e fezes.

O paciente apresenta risco de contaminar outras pessoas durante o período febril, ao longo de estágios mais avançados da doença e até depois de mortos, caso alguém toque o corpo contaminado.

Os doentes graves podem desenvolver sintomas hemorrágicos e disfunção de múltiplos órgãos,
incluindo a lesão hepática, insuficiência renal, e envolvimento do sistema nervoso central, levando ao choque e à morte.
 
Número de mortos já chega a 932
 
Nessa quarta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) revisou o número de mortes provocadas pelo vírus, que saltou de 877 para 932 desde segunda-feira.

Até o momento, são 1.711 casos da doença no continente africano.

Na Nigéria, mais cinco pacientes foram diagnosticados, e a segunda morte foi confirmada.
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