Ministro da Saúde quer análise mais ampla e vacinação de crianças de 5 a 11 anos segue sem previsão

Bernardo Estillac
bernardo.leal@hojeemdia.com.br
17/12/2021 às 18:36.
Atualizado em 29/12/2021 às 00:34

(Wilson Dia/ Agência Brasil)

A vacinação de crianças de 5 a 11 anos ainda está indefinida em Minas. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), para que as cidades comecem a imunizar o público que recebeu a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última quinta-feira (16), é preciso que o governo federal inclua as doses no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e repasse aos estados.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou, nesta sexta (17), que fará uma análise sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 e quer realizar uma audiência pública para avaliar se elas devem ou não ser imunizadas.

Em entrevista à CNN Brasil, Queiroga afirmou que o Ministério da Saúde divulgará um cronograma antes de tomar uma decisão, mas não especificou datas e prazos. 

“Queremos discutir esse assunto com a sociedade. Iremos realizar uma audiência pública. O ministério vai fazer uma análise sobre todos os aspectos dessa vacinação”, afirmou o médico.

Em entrevista à Globo News, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, afirmou que espera uma decisão do ministério o mais rápido possível. E ressaltou que a decisão de liberar a vacinação para crianças acima de cinco anos foi tomada por profissionais qualificados.

"Não se trata apenas de uma decisão dos comitês técnicos da agência, com seus mais de 20 anos de experiência. (...) As sociedades médicas nos deram a segurança para promulgar a decisão que fizemos com base técnica, nada de política, nada de outras influências", afirma.

Em entrevista ao Hoje em Dia, o infectologista e diretor médico da Target Medicina de Precisão, Adelino Melo Freire, afirmou que a vacinação das crianças é uma ferramenta importante para controlar a pandemia. 

“Este público apresenta uma taxa maior de pessoas assintomáticas, que são pessoas que adquirem o vírus, podem transmiti-lo, mas não desenvolvem sintomas. Isso é um problema para o controle da pandemia, porque você não consegue identificar essas pessoas a não ser que você teste a população em larga escala, que é algo que a gente não fez em momento algum no Brasil”, analisa Freire.

Só em Belo Horizonte, cerca de 193 mil crianças de 5 a 11 anos podem ser vacinadas. Para incluir este público na campanha, é preciso que o governo federal adquira e repasse as doses aos estados.

Participação presidencial

O ministro Marcelo Queiroga também falou sobre o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro a respeito da aprovação da Anvisa. “O presidente nunca me disse que é contra. Ele quer que seja feita uma análise técnica e é isso que iremos fazer”.

Na noite de quinta-feira (16), em live nas redes sociais, Bolsonaro questionou a aprovação do imunizante para crianças de 5 a 11 anos e pediu a divulgação do nome dos profissionais envolvidos na decisão da Anvisa.

"Não sei se são os diretores e o presidente é que chegaram a essa conclusão ou é o tal do corpo técnico, mas, seja qual for, você tem o direito de saber o nome das pessoas que aprovaram aqui a vacina a partir dos cinco anos para o seu filho”, disse o presidente.

Em transmissão oficial do órgão nesta sexta (17), o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, criticou as ameaças do presidente. Ele afirmou que o nome das mais de 1600 pessoas envolvidas na decisão de autorizar a imunização de crianças está disponível para a população no Portal da Transparência, incluindo o seu.

“Desses, até por questão de ordem alfabética e não importância, porque todos são essenciais, seguramente na letra A o meu nome vai estar lá como um dos primeiros, pela minha inicial. E também lá estarão os nomes de toda diretoria da Anvisa”, disse Torres.

A Anvisa divulgou nota oficial nesta sexta (17) se posicionando a respeito das declarações de Bolsonaro. A agência declarou como foco e alvo de um “ativismo político violento”.

Confira a nota na íntegra:
Em relação às declarações do Sr. presidente da República durante live em mídia social nesta quinta-feira, 16 de dezembro de 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária comunica: 

A Anvisa, órgão do Estado brasileiro, vem a público informar que seu ambiente de trabalho é isento de pressões internas e avesso a pressões externas.  

O serviço público aqui realizado, no que se refere à análise vacinal, é pautado na ciência e oferece ao Ministério da Saúde, o gestor do Plano Nacional de Imunizações (PNI), opções seguras, eficazes e de qualidade. 

Em outubro do corrente ano, após seus dirigentes e seu corpo funcional sofrerem ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta Agência Nacional se encontra no foco e no alvo do ativismo político violento. 

A Anvisa é líder de transparência em atos administrativos e todas as suas resoluções estão direta ou indiretamente atreladas ao nome de todos os nossos servidores, de um modo ou de outro. 

A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explícita ou velada, que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão. 

Antonio Barra Torres, diretor-presidente Meiruze Sousa Freitas, diretora  Cristiane Rose Jourdan Gomes, diretora  Rômison Rodrigues Mota, diretor  Alex Machado Campos, diretor

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