Montes Claros registra uma denúncia de abuso e exploração sexual de crianças por dia

Wesley Gonçalves - Hoje em Dia
14/05/2013 às 08:37.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:39

MONTES CLAROS – Crianças comercializadas pelas mães em troca de uma cesta básica ou abusadas sexualmente pelos padrastos. Histórias tristes de violência que chegam cada dia com mais frequência nas instituições de atendimento infantil em Minas. Em Montes Claros, no Norte do Estado, o Conselho Tutelar registrou 356 denúncias de abuso e exploração sexual infantojuvenil em 2012 – média de uma por dia. No Estado, somente pelo Disque 100, foram 129 no ano passado.

No Lar Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, 95% das 20 meninas assistidas são vítimas de violência sexual. O lar é referência no Estado no tratamento humanizado às crianças.

A gestora de projetos da instituição, Anna Caroliny Arruda, conta que o perfil do público atendido mudou nos últimos dois anos. Antes, os casos mais comuns eram de negligência e abandono. Hoje, é a exploração sexual.

“Muitas mães negociam as filhas em troca de cestas básicas. Em outros casos, elas são vítimas dos companheiros das mães. As crianças são o problema e as mães preferem ficar caladas e não denunciar os agressores a perder o prazer que os companheiros lhe proporcionam”, explica.

O lar ainda atende aproximadamente cem outras crianças por meio de projetos sociais captados por meio do Fundo para a Infância e Adolescência (FIA).


Semana especial

Para combater essa situação, considerada crítica, órgãos e entidades de Montes Claros realizam, até o próximo sábado, a Semana de Enfrentamento à Exploração Sexual Infantojuvenil.

Participam das discussões a Polícia Militar, o Conselho Tutelar, Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA), Juventude Cidadã, Pastoral do Menor, dentre outros órgãos.

“Em Montes Claros, segundo o último Censo do IBGE, cerca de 20% das crianças estão em situação de risco. Além disso, segundo dados da prefeitura, 13 mil estão fora das escolas”, afirma Anna Caroliny.
Durante a semana, serão realizadas palestras em escolas, como no Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Professor Hamilton Lopes, no Alto São João.

A diretora Eliane Ferreira Leite acredita que ações como essas são importantes para que adultos e crianças sejam multiplicadores de atitudes e denúncias contra a exploração sexual.

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