Moradores cobram definição sobre futuro de obra na Pedro I

Renata Galdino - Hoje em Dia
02/09/2014 às 07:25.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:02
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

Anunciada pelo prefeito Marcio Lacerda para 14 de setembro, a implosão da alça Norte do viaduto Batalha dos Guararapes, sobre a avenida Pedro I, não vai colocar um ponto final na angústia de moradores e comerciantes da região, que estudam a possibilidade de acionar a Justiça para evitar que uma nova estrutura seja erguida no local.

Desde que parte do elevado foi ao chão, em 3 de julho, matando duas pessoas e ferindo 23, alguns moradores de condomínios próximos ao que sobrou da construção foram realocados em um hotel.

Com a possibilidade de demolição do restante da estrutura – o martelo pode ser batido nesta terça-feira (2), após conciliação entre o Ministério Público e a Prefeitura de Belo Horizonte –, o número de pessoas diretamente afetadas aumenta. Moradores e comerciantes de 400 imóveis no entorno do elevado terão que sair de casa no dia da implosão e muitos temem abalo nas edificações.

O encontro entre o MP e a PBH vai analisar o veto à demolição, proferido em 11 agosto, pelo juiz da 4ª Vara da Fazenda Municipal de Belo Horizonte, Renato Luís Dresch. Uma das condicionantes para que o elevado seja demolido era que o plano de trabalho, com detalhamento da ação, fosse apresentado à comunidade.

REJEIÇÃO

Para Ronan Oliveira Souza, presidente da Comissão de Comerciantes da avenida Pedro I, a expectativa é a de que o caso seja resolvido nesta terça-feira (2). “Todos querem que a alça seja demolida o mais rápido possível para que a vida comece a voltar ao normal”.

Há o temor de mais transtornos tanto com a demolição quanto com a nova obra. “Não queremos mais o viaduto aqui. Aliás, nunca foi da nossa vontade que o construíssem ao lado do nosso prédio”, afirma a técnica em enfermagem Adelaide de Jesus Faria de Souza Santos, de 52 anos.

Moradora há 13 anos do bloco 3 do residencial Antares, localizado ao lado da alça Sul do elevado – a parte que caiu em 3 de julho – ela espera que a situação seja resolvida logo. “Não aguentamos mais tanta indefinição e ausência de informação. Já vai completar dois meses da queda do viaduto e está um descaso total conosco”, comentou.

Sem saber se a Pedro I passará por novas obras, Anderson Alair Garcia, de 37 anos, não descarta fechar a lanchonete localizada ao lado da alça Norte. Quatro dos seis funcionários foram demitidos. “O movimento caiu 90%. Muitas lojas fecharam e perdemos clientela”.

Outro que está na iminência de encerrar as atividades é o comerciante Carlos Alberto Alvarenga, proprietário de uma copiadora na avenida General Olímpio Mourão Filho. “Mesmo que o trânsito seja liberado, ainda não sabemos se haverá novas obras, o que vai prejudicar o movimento mais uma vez”, frisou.

Questionada, a PBH não se pronunciou sobre o que será feito após a demolição da alça Norte do viaduto. A Defesa Civil de BH espera finalizar nesta terça o cadastro dos cerca de 400 imóveis que serão afetados com a implosão do viaduto. Eles estão localizados em um raio de 200 metros da alça Norte.

Furtos são problema para os moradores

Para o aposentado Luís Alberto Sosa Lima, de 83 anos, a implosão da alça Norte do viaduto é a esperança para acabar com furtos em casa e solucionar o problema de esgoto a céu aberto ao lado do imóvel. Morando a menos de 50 metros de uma das pontas da alça, na rua Moacyr Fróes, ele perdeu as contas de quantas vezes foi alvo de ladrões.

Ele teve roupas e um botijão de gás furtados. Em outro episódio, Luís Alberto flagrou um homem levando a fiação da casa. “O local está muito ermo. O homem achou que o imóvel era da prefeitura e disse que poderia roubar o fio. Tivemos que instalar sistema de alarme para evitar outros crimes”, contou.

O esgoto é outro incômodo para os moradores desde o início das obras. Há focos de mosquito da dengue e muitos roedores. Por meio de nota, a prefeitura informou que equipes da Vigilância Sanitária e da Zoonoses vão nesta terça ao endereço para verificar a situação.

Sem laudo, sem audiência pública

O cancelamento da audiência pública que estava marcada para esta quarta-feira (3) na Câmara Municipal revoltou os moradores. Os motivos do adiamento foram a criação de uma comissão especial para promover estudos relativos à queda da alça Sul do viaduto e a ausência do laudo da perícia, que deverá ficar pronto nesta quarta. Uma nova data será remarcada.

Perguntas sem respostas

- O viaduto Batalha dos Guararapes será reconstruído?

- Quem irá realizar a obra?

- De quem é a responsabilidade da tragédia que matou duas pessoas em 3 de julho?

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