Uma riqueza escondida no subsolo das edificações de Belo Horizonte agora ganha destaque entre os moradores da cidade. Em tempo de racionamento, as minas ou nascentes urbanas, como são conhecidas, tornam-se alternativas para reduzir o uso de água potável na limpeza, por exemplo. Na capital, habitantes de pelo menos três bairros fazem o uso consciente do recurso hídrico existente nas edificações.
Há 40 anos, os moradores do edifício Pouso Alegre, no bairro Santa Tereza, região Leste da cidade, utilizam somente a água da mina localizada no subsolo do prédio na higienização da estrutura. “A análise constatou contaminação. Isso, porém, não impede de a água ser usada para a limpeza da área social”, explicou a síndica, Fátima Barros.
Na rua Bernardo Guimarães, no bairro Funcionários, na zona Sul, três minas garantem, há quase dois anos, a limpeza e a manutenção dos jardins do condomínio Renassange Work Center.
Conforme dados da administração do edifício comercial, as nascentes foram descobertas durante as obras de fundação do imóvel. A estrutura de 30 andares e 19 salas possui três jardins e uma extensa área social. Imprópria para consumo, a água também abastece os sanitários da edificação.
O excedente é bombeado 24 horas por dia para a rede da Copasa e escorre, sem ser aproveitada, para o ribeirão Arrudas. “Os lavadores de carro da rua também usam a água, mas em pouca quantidade. Eles limpam meu carro com ela e fica ótimo”, pontuou o advogado Eduardo Machado.
No bairro de Lourdes, também na zona Sul de BH, moradores do edifício Atrium dão aula de bom exemplo. Há 30 anos, o recurso natural é utilizado por eles na manutenção do prédio. Segundo o zelador Nero Braz, uma redução de mais de 40% na conta. “Conseguimos diminuir o consumo sem prejudicar os afazeres do condomínio. Isso faz com que a conta baixe consideravelmente”.
A água excedente, que hoje vai para a rede pluvial, será agora represada em um reservatório em construção na praça Marília de Dirceu. A obra, feita pela Associação dos Moradores do bairro de Lourdes, irá economizar água para a manutenção do jardins da praça. “É uma forma de não desperdiçar a água da mina e nem usar a potável”, explica o presidente da entidade, Jefferson Rios.