Moradores de Venda Nova ainda limpam sujeira à espera de mais temporais enquanto suplicam por obras

Bruno Inácio
binacio@hojeemdia.com.br
06/01/2020 às 20:00.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:12

(Maurício Vieira)

Enquanto moradores e comerciantes da avenida Vilarinho e da região de Venda Nova ainda limpam a sujeira trazida pelas inundações do fim de semana, os meteorologistas alertam: vem mais chuva por aí. A segunda-feira (6) já começou com alerta de tempestades na capital, e a previsão é que, pelo menos até domingo (12), o tempo permaneça chuvoso, com possibilidade de grandes precipitações.

Em seis dias, as regionais Venda Nova e Pampulha já tiveram 70% da média de chuvas para o mês. Apesar disso, o que mais tem chamado a atenção dos técnicos é a intensidade com que tem chovido: volumes grandes estão caindo em pequenos espaços de tempo.

O meteorologista Claudemir de Azevedo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), diz que, para os próximos dias, os alertas devem ser os mesmos do início do ano. "A previsão é de que as nuvens carregadas continuem sobre a Região Metropolitana, com volumes significativos observados. Agora, a intensidade, que pode ser pesada, é difícil de prever", explicou.

Só no sábado (4), foram atendidas 70 ocorrências pela Defesa Civil de Belo Horizonte relacionadas às chuvas. Na Vilarinho, a sexta-feira foi mais uma vez de inundação nas estações de ônibus e metrô, com os locais tendo de ser evacuados. O coronel Waldyr Figueiredo, coordenador da Defesa Civil da capital, diz que a quantidade de água era a prevista.

"Estamos falando de mais de 50 milímetros (mm) de água que caiu sobre estas regionais em cerca de 3 horas, significa 50 litros por metro. A gente consegue prever numa aproximação a quantidade, mas não a intensidade que essa chuva vai atingir. Foi muita água em pouquíssimo tempo", afirmou.

Ações

Porém, os problemas estruturais da Vilarinho colaboram para que continuem sofrendo com água e os moradores cobram atitudes. O aposentado Rogério Peregrino da Silva Júnior, de 69 anos, desacredita que haverá solução definitiva para um problema histórico da região.

"A água quando começa a subir aqui é uma velocidade incrível. Então, por mais que chova demais, não é algo novo, é uma novela de sempre. É preciso que a prefeitura faça alguma coisa em vez de apenas falar. Não tem um ano que inunda aqui, são décadas", afirmou.

Nas redes sociais, a última semana foi de debates sobre o despreparo da cidade para este tipo de problema. Muitas pessoas criticaram o prefeito da cidade, Alexandre Kalil (PSD) por não ter conseguido solucionar o problema desde as chuvas dos últimos anos, e cobraram obras, inclusive as prometidas pelo próprio prefeito.

Kalil chega de entrevistas elaboradas. Faça algo por Venda Nova.— Sebas (@sebasjunior958) January 4, 2020
Av. vilarinho ontem. O descaso do Poder público continua e o Sr. Kalil não aparece pra dar um “Piu”. pic.twitter.com/Z6tfx9xCBd— MauroBut (@Mauro_but) January 4, 2020
Kalil entra no último ano do mandato com a Av. Vilarinho inundando. Não fez NADA em 3 anos de governo para mudar a situação. Deu coletiva com Min. das Cidades, disse que tinha verba, apresentou projetos, mudou os projetos, mas de efetivo nada. Nisso foi político igual aos outros.— JUNQUEIR (@fjunqueira) January 4, 2020

A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi) diz que estão previstas para este ano as licitações de intervenções que serão feitas nos córregos do Nado e do Vilarinho. Bacias de contenção de cheias e grandes reservatórios devem ser construídos.

Contudo, não foi informado prazo para estas obras, que continuam sem data para sair do papel. Em 2019, a prefeitura trabalhava com um prazo de dois anos para os trabalhos, que iniciariam em abril deste ano.

Além de implantar dois novos reservatórios, quatro que já existem devem ter a capacidade ampliada. As propostas de intervenções, segundo a prefeitura, foram encaminhadas para o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado.

Apoio

No sábado, o Ministério do Desenvolvimento Regional ofereceu apoio às cidades mineiras que estão sofrendo com os problemas das chuvas. Apesar de estar acompanhando as demandas, a Pasta precisa que cada cidade decrete situação de emergência ou calamidade para envio de dinheiro para socorro. Em Belo Horizonte, segundo a prefeitura, o quadro atual ainda não demanda esta hipótese.

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