Apicultura

Morte de abelhas no Norte de Minas é investigada

Suspeita é que abelhas tenham morrido pela contaminação na área, provocada pelo uso de defensivos agrícolas por produtores locais

Márcia Vieira
De O NORTE
31/10/2024 às 17:16.
Atualizado em 31/10/2024 às 19:06

Suspeita é que abelhas tenham morrida por conta de contaminação na área, provocada pelo uso de defensivos agrícolas por produtores locais (Arquivo Pessoal)

Atividade recorrente no Norte de Minas, a Apicultura é responsável pelo sustento de inúmeras famílias, como a de Lucas Antunes, apicultor da cidade de Lontra, que essa semana foi surpreendido  com a perda do seu investimento, ao constatar a morte de abelhas em seu apiário. Ele conta que é  dessa atividade que provém o seu sustento e todo o recurso de que dispunha foi aplicado esperando colher o resultado na próxima safra.

"Pago minhas contas, meus impostos, compro minhas coisas e necessidades aqui, com o dinheiro das abelhas. Eu perdi tudo", lamenta.

Com uma produção habitual dois mil quilos de mel por ano, ele comercializa na própria cidade e para outras regiões como São Paulo e Belo Horizonte. O apicultor registrou um boletim de ocorrência e acionou as autoridades competentes para descobrir a origem do dano. A suspeita é a de que as abelhas tenham morrido em virtude de contaminação na área, provocada pelo uso de defensivos agrícolas por produtores locais. 

"Estou parado até o momento, esperando o resultado da análise para a gente ter certeza se realmente foi o veneno que matou, mas pela experiência de apicultor que a gente tem ao longo dos anos, temos quase certeza que foi o uso indiscriminado de agrotóxico ou veneno", afirma. Caso seja comprovada a suspeita o prejuízo é ainda maior. " Se for veneno eu não posso reutilizar o material. Perdi o investimento, o mel que eu ia colher e o material. E nesse caso, além das minhas abelhas, morrerão outras nativas da região. 

O apicultor hobista Adeilton Cardoso diz que há tempos vem ocorrendo a contaminação de apiários por defensivos e essa é uma luta com os agropecuaristas. "Em alguns lugares existe até uma consciência do produtor rural que avisa ao apicultor o dia que vai aplicar, daí o apicultor, dentro do possível, mantém as abelhas confinadas nas colmeias e só libera no dia seguinte. Infelizmente, isso acontece com quem tem abelhas próximo a monoculturas", diz.

Para o biólogo Patrick Valim, a situação ocorrida em Lontra deve ser investigada com rigor e usada como exemplo a ser observado. "As abelhas não estão ligadas somente a produção de mel, mas também a serviços de polinização e transporte  de pólen, o que permite a fertilização das plantas e sua reprodução. Alguns vegetais dependem exclusivamente das abelhas para sobrevivência", explica.

O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) está investigando a situação. A previsão, segundo Guilherme Antunes, coordenador regional do IMA, é de que o resultado saia em aproximadamente 15 dias. "Foi realizada uma coleta de amostras para diagnóstico do ocorrido. A suspeita é de que seja intoxicação por agrotóxico, mas somente teremos certeza após o resultado que será emitido pelo laboratório oficial do IMA", explicou Guilherme, alertando para  o uso responsável  dos fertilizantes.

"Quando o produtor rural utiliza os agrotóxicos em sua propriedade seguindo as recomendações e respeitando a legislação de uso, ele não comprometerá os apicultores", disse.

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