(Marcus Ferreira / Agência Minas)
O número de mortes por meningite em Minas, até setembro, já é maior do que todos os óbitos registrados no ano passado. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), de janeiro até o mês passado, foram 617 casos e 92 vidas perdidas por todas as etiologias que causam a doença. Em 2021, foram 522 casos e 50 mortes.
Segundo a SES, a ocorrência de surtos e epidemias, como as que vêm sendo registrados em algumas regiões do país, é um cenário de preocupação constante. A recomendação é de manter medidas de prevenção e assistência, além de acompanhar a situação de saúde nos municípios e territórios.
A pasta informou que tem mantido ações de vigilância. Quando há um caso confirmado, equipes de saúde locais, que fazem o atendimento dos casos, são orientadas a realizar a notificação junto à vigilância epidemiológica e ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs-MG).
A meningite é provocada pela inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal (meninges). Ela pode ser causada por vírus, bactérias, fungos ou parasitas e as complicações podem levar o indivíduo a ter sequelas e ao óbito.
Considerada endêmica no Brasil, a meningite afeta pessoas de qualquer idade, mas o maior risco é para crianças menores de cinco anos. Por esse motivo, o esquema vacinal é iniciado logo após o nascimento do bebê, por meio da vacina BCG.
Como a meningite é transmitida
A transmissão se dá por meio das vias respiratórias, ou seja, de pessoa para pessoa, por gotículas e secreções do nariz e da garganta.
Há casos em que a transmissão é fecal-oral, por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados, ou ainda pelo contato com fezes de pessoas infectadas.
A ocorrência das meningites bacterianas é mais comum no outono-inverno e das virais, na primavera-verão.
Sintomas
De acordo com o coordenador de Doenças e Agravos Transmissíveis da Vigilância Epidemiológica Estadual da SES-MG, Gilmar Rodrigues, o quadro clínico da meningite pode ser muito grave e as pessoas que apresentarem sintomas suspeitos devem procurar atendimento médico em serviço de saúde para uma avaliação adequada.
“É necessário ficar atento a sintomas como cefaleia (dor de cabeça), febre, vômitos associados a quadros de prostração intensa, irritação, rigidez de nuca ou convulsão. Estes sintomas sinalizam a necessidade de assistência médica, com urgência”, explicou.
Vacinação
Ainda de acordo com Gilmar Rodrigues, a prevenção é feita, principalmente, pela vacina,que é oferecida pelo SUS, para crianças, adolescentes e trabalhadores da saúde.
“Esses grupos representam maior risco para a doença atualmente e devem manter o calendário vacinal em dia”, destacou o coordenador.
A SES-MG ressalta que não há campanha anual específica para a vacinação contra a meningite. E que as vacinas Meningocócica C e Meningocócica ACWY fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação e são oferecidas nos serviços de vacinação e nas Campanhas de Multivacinação.
O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), disponibiliza, gratuitamente, as seguintes vacinas contra a meningite:
Administrar 2 (duas) doses, aos 3 (três) e 5 (cinco) meses de idade, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias. Administrar o reforço aos 12 meses de idade.
Adolescentes de 11 e 14 anos - Administrar 1 (um) reforço ou 1 (uma) dose. A vacina meningocócica ACWY (Conjugada) para os adolescentes de 13 e 14 anos estará disponibilizada, temporariamente, até junho de 2023.
Meningite por pneumococo.Administrar 2 (duas) doses aos 2 (dois) e 4 (quatro) meses de idade, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias. Administrar 1 (um) reforço aos 12 meses de idade.
Meningite por Haemophilus influenzae. Administrar 3 (três) doses, aos 2 (dois), 4 (quatro) e 6 (seis) meses de idade, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias. A terceira dose não deverá ser administrada antes dos 6 (seis) meses de idade.
Meningite tuberculosa (a vacina BCG protege contra a meningite tuberculosa). Administrar dose única, o mais precocemente possível, de preferência, logo após o nascimento.
A secretaria lembra que outras vacinas virais, como as que protegem contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela, também têm efeito protetor para meningites virais, causadas pelos mesmos vírus.
Cuidados e prevenção
Além da vacina, alguns cuidados podem evitar a contaminação:
Pacientes com suspeita de ter a doença precisam de internação hospitalar, por causa do risco de agravamento clínico.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por meio de coleta de amostras de sangue e líquido cefalorraquidiano (líquor). O laboratório pesquisa nas amostras alterações compatíveis com a meningite e também busca identificar qual o agente que está causando a infecção, para que o médico defina como será feito o tratamento mais adequado a cada infecção.
As opções de tratamento variam de acordo com o agente causador da meningite:
Bactérias
Paciente recebe antibióticos em ambiente hospitalar. Recomenda-se ainda o tratamento de suporte, como reposição de líquidos e cuidadosa assistência.
Vírus
A pessoa também tem que ficar internada e é monitorada para acompanhamento de sinais de maior gravidade, mas recupera-se espontaneamente. Porém alguns vírus, como o herpesvírus, podem provocar meningite com necessidade de uso de antiviral específico.
Fungos
O tratamento é mais longo, com altas e prolongadas dosagens de medicação antifúngica, escolhida de acordo com o fungo identificado no organismo do paciente.
Parasitas
Tanto o medicamento contra a infecção como as medicações para alívio dos sintomas são administrados por equipe médica em paciente internado.
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