Motoboys e entregadores de aplicativos protestam pelas ruas do Centro de Belo Horizonte nesta quarta-feira (1º) exigindo melhor remuneração e segurança. A iniciativa foi articulada por meio de grupos de Whatsapp e sem lideranças ligadas a sindicatos, por exemplo – nos moldes da greve dos caminhoneiros, que parou o país em maio de 2018. Os alvos dos protestos são aplicativos como iFood, Uber Eats e Rappi.
O movimento é nacional e, na capital mineira, a estimativa dos organizadores do “Paralisa BH” é de que a adesão esteja em 70% dos cerca “de 2 ou 3 mil trabalhadores na região” – ninguém sabe precisar o tamanho da categoria.
Um grupo grande de motoboys e entregadores se reuniu no início da manhã na praça da Assembleia, região Centro-Sul, e saíram protestando pelas ruas da região central da cidade.
Embora não seja coordenador da greve, Cristiano Ferreira, conhecido entre os colegas como “Motoboy Cristiano”, de 46 anos, criticou a forma como é feito o repasse aos trabalhadores. “A verdade é que muitos de nós viraram escravos dos aplicativos. Por corridas de dez quilômetros, por exemplo, estão pagando R$ 5. Quando a tarifa sobe, não chega a R$ 8”, afirma.
O entregador Kevin Thomas, de 24 anos, também se queixa das taxas pagas pelos apps, que eram bem maiores antes da pandemia. “Hoje, para tirar um salário mínimo, tenho que fazer dez horas ‘de corre’ por dia. Acho que há muita exploração”, diz ele, que começou a trabalhar no segmento, com bicicleta, há um ano e meio, após ficar desempregado.
Empresas de entrega reconhecem direito à greve, negam abuso e garantem transparência
Nos grupos de Whatsapp criados para organizar a greve, surgiu ontem a informação de que, temendo paralisação das entregas, aplicativos estariam oferecendo vantagens aos motoboys. Um deles pagaria 30% a mais por quilômetro rodado, nesta quarta.
“Outro anunciou cinco entregas por um valor bem acima do habitual. Só que, quando chegar a quarta chamada, tenho certeza de que param de acionar aquele moto-entregador”, conta o “Motoboy Cristiano”.
Procurados pela reportagem, apenas dois dos principais aplicativos enviaram posicionamentos. O colombiano Rappi informou, por nota, que “reconhece o direito à livre manifestação pacífica e busca continuamente o diálogo com os entregadores parceiros”.
Também lembrou que, desde o ano passado, entre outros benefícios, oferece aos colaboradores “seguro para acidente pessoal, invalidez permanente e morte acidental”, além de firmar parcerias que possibilitam descontos nos custos fixos dos motoboys e entregadores de bike.
Já a Uber Eats esclareceu que todos os ganhos oferecidos pela empresa “estão disponibilizados de forma transparente para os entregadores parceiros, no próprio aplicativo, ficando clara cada taxa e valor correspondente”. “Os valores pagos pelo consumidor para cada entrega são determinados por uma série de fatores, como a hora do pedido e distância a ser percorrida”,destaca o app, que garante ainda dar “assistência financeira para motoristas e entregadores e reembolso de álcool em gel e produtos de limpeza”.