No segundo ato contra o aumento da passagem de ônibus, na noite desta sexta-feira (14), não houve confronto com a Polícia Militar, ao contrário do ocorrido no protesto da última quarta-feira (12). Mesmo com bloqueio total de vias, não houve intervenção da corporação. Nenhum manifestante foi detido ou ferido durante a passeata.
Os manifestantes se concentraram na Praça 7, no fim da tarde. O itinerário escolhido foi pela avenida Afonso Pena até a avenida Getúlio Vargas. Depois seguiram até a Praça da Savassi e depois para a Praça da Liberdade. De lá, voltaram à Praça 7.
O trânsito ficou bastante complicado por onde os integrantes passaram. Para deixar uma faixa da pista livre, as pessoas fizeram um cordão humano, evitando que qualquer manifestante furasse o bloqueio.
“Na quarta-feira, nenhum dos lados sabia muito o que esperar do outro, então muitas pessoas que não eram da frente contra o aumento participaram da negociação. Hoje, fizemos questão de montar uma comissão, apresentar para a polícia e seguir com uma faixa liberada para evitar conflito”, disse a cientista social Nathália Duarte, membro do Tarifa Zero.
Durante o trajeto, os manifestantes gritavam palavras de ordem, entre elas: “Olha que desgraça, no busão a PM anda de graça. Eu também quero”.
Militares do Batalhão de Choque, Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam), Cavalaria e do 1º Batalhão fizeram a escolta dos manifestantes que participaram de forma pacífica. “A luta é pela validação dos direitos, transporte público”, disse Paola Abreu, que participou do protesto.
O engenheiro Rodrigo Silveira, que viu a manifestação de dentro do carro, disse que apoia o movimento. “Toda manifestação é válida, desde que garante o direito de ir e vir”, ressalta.
Durante a manifestação, um homem de 63 anos passou mal dentro de um ônibus na avenida Afonso Pena, o Samu foi chamado, mas demorou a chegar em função do trânsito. O homem faleceu. No sapato dele, foram encontrados oito pedras de crack.
Bloqueio
O chefe do Comando de Policiamento Especializado (CPE), coronel Robson Queiroz, afirmou que a manifestação transcorreu de forma tranquila, sem nenhum incidente relacionado diretamente ao protesto.
“A postura da polícia é sempre de negociar, quando se entende, se respeita o direito de ir e vir, tende a correr bem". Segundo ele, não houve qualquer alteração de protocolo na ação da polícia.
Cerca de 800 pessoas participaram do ato nesta sexta-feira, conforme cálculo da PM. Manifestantes dizem que número chega a 3 mil.
Em relação ao fechamento das vias, o coronel Robson Queiroz disse que durante todo trajeto os representantes do movimento se comunicaram com a polícia. O grupo informou o percurso, o que permitiu avaliar o impacto para o trânsito, fazer os desvios e evitar os confrontos.
Já o Tenente-Coronel Giovanne Silva, comandante da operação, também explicou que a falta de ação da PM. Ele informou que em pontos como as avenidas Getúlio Vargas, Cristóvão Colombo e João Pinheiro, o impacto para o trânsito e o fluxo de pessoas era menor e poderia ser controlado com desvios no trânsito.
O militar considera que houve uma boa interação entre a PM e aqueles que se intitularam lideranças do movimento, o que evitou atritos. "Hoje o diálogo com as lideranças do movimento foi muito maior, não tivemos ato de vandalismo", concluiu.