Mulher espera vaga em hospital psiquiátrico presa à cama em Montes Claros

Girleno Alencar - Do Hoje em Dia
29/08/2012 às 07:41.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:50

(Dione Afonso/Hoje em Dia)

MONTES CLAROS – Sem conseguir internar a mulher em um hospital psiquiátrico, o porteiro Francisco Dalvo Dias Ataíde amarrou Geni de Fátima Soares Dias, de 58 anos, na cabeceira da cama. Há nove dias, ele busca uma vaga para a esposa se tratar.

O drama do porteiro é o mesmo de outras 30 famílias que não podem mais contar com a única unidade de referência para tratamento de doentes mentais no Norte de Minas.

O hospital psiquiátrico Prontomente, em Montes Claros, no Norte de Minas, suspendeu as atividades em caráter definitivo, após nove anos em dificuldades financeiras. Só espera dar alta para dois pacientes para fechar as portas de vez.
 
R$ 1 milhão

A instituição amarga um prejuízo de R$ 1 milhão com o passivo trabalhista e o valor repassado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo os gestores, é insuficiente para cobrir os custos. Na cidade, o Hospital Universitário atende pacientes psiquiátricos, mas só tem dois leitos nessa especialidade.

Geni sofre de problemas mentais desde os dois anos. Fez tratamento e ficou internada no Prontomente várias vezes, durante surtos. Novamente em crise, ela foi levada pelo marido até o Centro de Apoio Psicossocial Municipal. Mas a informação foi a de que o Prontomente estaria sendo desativado e que não havia vagas no Hospital Universitário.
 
Internação imediata

A família procurou um médico, que ordenou a internação imediata de Geni. No entanto, ela teve que ficar em casa, e acabou colocando fogo no quarto onde dormia.
Segundo o marido, a solução foi amarrá-la na cama para evitar “um mal maior”. Há nove dias, alega, ele não dorme direito nem trabalha, para vigiar a companheira.

Desespero

Na última terça-feira (28), a dona de casa Aliria Lúcia da Silva, de 37 anos, foi ao hospital pedir para ser internada. Ela sofre de esquizofrenia e ficou desesperada ao descobrir que o Prontomente não recebe mais pacientes.

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