Na maioria dos salões de beleza em BH, há risco de contaminação

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
Publicado em 15/03/2014 às 08:11.Atualizado em 20/11/2021 às 16:38.
 (Wesley Rodrigues)
(Wesley Rodrigues)

Cortar, lixar, retirar o excesso de cutículas e esmaltar. Não fosse um detalhe importante, o ofício de manicures e pedicures em nada se diferenciaria das outras práticas comuns nos salões de beleza. Mas a utilização de espátulas, alicates e palitos requer cuidados especiais quando o assunto é a esterilização.

Em Belo Horizonte, apesar de 70% das profissionais reconhecerem que a autoclave é o equipamento ideal para destruir os germes dos instrumentos, apenas 35,3% a utilizam. A prática, não recomendada, de desinfeccionar os equipamentos em forninhos ou estufas aumenta os riscos de contaminação por doenças como hepatite e Aids.

Os resultados foram apresentados na tese de doutorado da enfermeira Juliana Ladeira Garbaccio, apresentada na UFMG. Para prevenir doenças, a recomendação é a de que cada cliente use os próprios produtos ou que o salão ofereça materiais descartáveis ou estéreis em autoclave.

“Muitas manicures até sabem da importância dos cuidados e conhecem as práticas recomendadas, mas grande parte não as coloca em prática ou o faz de maneira incorreta”, observou.

A médica Walkyria de Paula, de 69 anos, não abre mão de levar o próprio kit com tudo o que precisa para cuidar de pés e mãos. “É como compartilhar uma camisinha, por exemplo. Por que cada um não traz os próprios instrumentos?”, diz.

Das 235 manicures entrevistadas em BH, entre 2010 e 2013, 98% afirmaram já ter ferido um cliente e provocado sangramento e 67% delas também já se acidentaram durante os procedimentos. As secreções deixadas no instrumental, alerta a infectologista Sílvia Hess, são fonte potencial de infecções. “Não há dados precisos que comprovem o tempo de vida das bactérias nesses utensílios”.
 

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