Na UFMG, ministro diz que Brasil inicia testes clínicos de eficácia de remédio contra a Covid-19

Anderson Rocha
@rochaandis | arocha@hojeemdia.com.br
13/04/2020 às 18:13.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:16
 (Reprodução/ YouTube/ UFMG)

(Reprodução/ YouTube/ UFMG)

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos César Pontes, afirmou nesta segunda-feira (13) que o Brasil inicia, nesta semana, testes clínicos para a possível descoberta de um medicamento realmente eficaz contra a Covid-19. A declaração foi feita durante visita à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pontes também elogiou o trabalho de pesquisa da UFMG no combate ao novo coronavírus e informou que, apesar de Bolsonaro e Mandetta divergirem sobre isolamento social, "há um governo só".

Questionado por jornalistas sobre o desenvolvimento de uma vacina contra a enfermidade, Pontes informou que a prioridade do governo, neste momento, está em comprovar a eficácia de medicamentos contra a Sars-CoV-2. Em segundo lugar, vem a pesquisa dos testes diagnósticos e, somente aí, a descoberta de uma vacina.

Sobre o medicamento, o ministro informou que se trata de método de reposição - ou seja, quando uma droga já existente é testada para se confirmar se ela é eficiente para tratar outras enfermidades. Ele não informou qual é o nome do remédio em respeito ao rigor científico da pesquisa e, também, porque pode ser que ela não seja eficaz. Segundo Pontes, os estudos em humanos começaram nesta semana e devem ser concluídos até o fim do mês. 

"Serão feitos testes clínicos em 400 pacientes e, ao fim desses testes, o que deve ocorrer entre duas e três semanas, nós vamos ter conhecimento e [vamos] poder divulgar se funciona ou não essa droga. Lembrando que ciência é sempre dessa forma: existe sempre esse potencial de não funcionar. Não gosto de dar muita esperança nesse ponto. Mas, funcionando essa droga, nós teremos um remédio para tratamento aqui no Brasil", afirmou.

De acordo com o ministro, o medicamento em estudo foi definido após um longo processo de pesquisa, que se iniciou com duas mil móleculas de drogas diferentes de reposição, testadas por meio de computação e inteligência artificial. Nesse ponto, foi avaliado se esses remédios atuariam em "encaixe contra a proteína do coronavírus".

Esse número foi reduzido para cinco remédios, cujos testes já foram feitos em células reais, in vitro. Das cinco drogas, "duas delas se destacaram e, agora, nesta semana, estamos iniciando os testes clínicos com uma delas", disse Pontes.

Ministro ou presidente?

Durante a visita, Pontes foi questionado sobre em quem a população deve dar ouvidos, já que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pede o isolamento social, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), recomenda o fim do distanciamento. Para Pontes, não há separação e se trata de um governo só.

"O governo está unido, embora a gente veja algumas notícias desse jeito. Tanto eu, Mandetta, presidente Jair Bolsonaro, outros ministros, estamos todos imbuídos para que o Brasil tenha sucesso em vencer isso aí. Cada um na sua parte. Eu não me meto em outras áreas, mas a ciência e a tecnologia estão presentes em tudo e, nesse caso em específico, talvez sejam as únicas ferramentas que a gente tenha para lidar para vencer o vírus", declarou. 

Visita à UFMG

Acompanhado do governador Romeu Zema (Novo) e da reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, o ministro declarou que considera a ciência a melhor ferramenta de combate contra o novo coronavírus. "Nesse momento, o planeta vive uma demonstração clara de que a ciência é a solução para a causa do problema. A ciência é a única arma que nós temos para trabalhar na causa do problema, ou seja, o vírus", declarou. Além disso, Pontes agradeceu à UFMG pelo trabalho de ponta desenvolvido no âmbito científico no combate ao coronavírus.

"Visitei os laboratórios e fiquei muito feliz com o que eu vi. Essa universidade possui laboratórios que estão trabalhando seja no sequenciamento do vírus, seja em outras ações que estão mais ligadas à patogênese, ou seja, como o vírus se desenvolve nas pessoas. Além do trabalho com a ciência, 'atacando' o vírus, também existem esforços para melhorar o enfrentamento aos efeitos do vírus, como por exemplo o desenvolvimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI's)", disse.

Na ocasião, a reitora da UFMG afirmou que a instituição está envolvida diretamente em 30 projetos no combate ao coronavírus, sendo sete laboratórios para o diagnóstico, em parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed); laboratórios para fornecer álcool em gel; laboratórios para o estudo dos efeitos da cloroquina e de outros remédios; laboratórios para o desenvolvimento e impressão de respiradores 3D; além de grupos de estudos estatísticos sobre o tempo de isolamento e as consequências na economia.

A entrevista completa com o ministro Pontes está disponível no YouTube da UFMG. Veja:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por