Nerds assumidos deixam estereótipos para trás

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
19/10/2014 às 09:21.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:40
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Eles mudaram. Continuam inteligentes, curiosos e apaixonados por temas científicos (inclusive a ficção), tecnologia, histórias em quadrinhos, jogos de RPG, séries de TV e super-heróis. Mas deixaram para trás o estereótipo de pessoas acanhadas, com cabelo desgrenhado, óculos fundo de garrafa, muitos livros embaixo do braço e vida social zerada. Atualmente, nerd que é nerd se declara, sem medo de ser feliz ou das chacotas sofridas no passado.    Dona de uma coleção de mais de 300 gibis de histórias em quadrinhos, a artesã – ou crocheteira, como prefere – Maria Carolina Rodrigues e Rodrigues, de 36 anos, não se esconde mais. E faz questão de clarear para os leigos o que significa esse jeito de ser. “Somos curiosos e gostamos de estudar o que nos interessa”.    Em casa, Carolina e o marido, o analista de sistemas Frederico Pestana, de 41 anos, compartilham gostos muito peculiares para quem, de longe, só observa esse estilo de vida.   “Adoro quadrinhos, os mais adultos, como as grafic novels. No Brasil, temos Gabriel Bá e Fábio Moon. Minha história preferida é a Day Tripper. Tenho vontade de dormir abraçada a ele, de tão poético”, brinca, fazendo referência aos autores dos gibis que mais gosta e à história queridinha. E quando a mistura de paixão por tecnologia, curiosidade e inteligência ultrapassa a porta de casa, ser nerd pode virar até negócio. Que o digam Mark Zuckerberg, o “pai” do Facebook, Bill Gates (Microsoft) e Steve Jobs (Apple).    Não satisfeito com o que o mercado oferecia, o desenvolvedor de software Breno Fernandes Queiroz, de 26 anos, decidiu criar algo para o público geek (como também são chamados os nerds).    “Sou muito ligado a tecnologia, estudo bastante e também gosto muito de seriado, filme e jogos. Há um mês criei uma caixa que chega na casa do cliente com uma porção de produtos ligados à cultura (nerd)”, detalha.    The Nerd Box é o nome da novidade. Quem assina o serviço (preços vão de R$ 59,42 a R$ 79,90) recebe em casa uma caixa com produtos de um tema que muda a cada edição. Tudo mantido em sigilo para não estragar a surpresa do assinante.    “É tudo diferente e personalizado, da forma como gostamos. Não são coisas que a pessoa compraria em qualquer lugar. Para o gosto dos nerds, a ideia é justamente ser diferente, original”, comenta ele, viciado em tecnologia, eletrônicos, filmes e anime (animações com desenhos japoneses).    Hobby   Para o publicitário Adriano Doconni, de 35 anos, ser nerd “é não perder a alegria que se tinha com as pequenas coisas na infância; envolve não ter vergonha de ter seus hobbies na vida adulta”.  A coleção de mais de mil quadrinhos ficou na casa dos pais, mas a paixão pelas histórias perpetua. “Conan, Homem-Aranha, Homem de Ferro, Hulk, Capitão América, tenho todos. Além de uns 150 livros de ficção científica”, comenta.    De onde vem o termo   - A mais comum das teorias dá conta de que a palavra nerd tenha sido lançada pelo escritor Theodor Seuss no livro “Se Eu Dirigisse o Zoológico”.    - Outra corrente diz que, em 1951, a revista Newsweek teria publicado uma matéria sobre os costumes dos jovens de Detroit (EUA), chamando os mais “quadrados” dessa forma.    – Assim como qualquer outra tribo, os nerds têm seus pontos de encontro. Em BH, há pelo menos dois: no The Nerd Café ( Tomé de Souza, 981, Savassi) há doces com brasões de super-heróis, quadrinhos, jogos e cosplay por encomenda. Na Leitura (av. Getúlio Vargas, 167, Savassi) : todo o segundo andar é destinado a amantes de gibis de ficção científica, DVD de seriados, jogos de RPG e de tabuleiro.

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