O conjunto modernista da Pampulha vai se tornar nesta quinta-feira (12), dia em que se comemoram os 116 anos da capital mineira, candidato oficial a Patrimônio Cultural da Humanidade. O título é creditado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), e a expectativa da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) é a de que o complexo seja eleito na reunião anual do comitê em 2015.
A cerimônia de assinatura da carta de intenções será realizada no Museu de Arte da Pampulha. “O documento é uma espécie de termo de cooperação técnica que colocará o assunto na pauta de prioridades do município, o que poderá facilitar a liberação de verba para melhorias na região”, explica Régis Souto, presidente da comissão de aniversário de Belo Horizonte.
Uma vez reconhecida como patrimônio mundial, a Pampulha terá projeção internacional, valorizando o bem cultural perante o mundo. Isso reflete não somente no aumento de turistas, mas na mudança do perfil deles. “O turismo passa a ser mais cultural, acadêmico. A cidade atrairá arquitetos, urbanistas, pessoas interessadas na área”, observa Lúcia Ciccarini, professora do curso de turismo da PUC-Minas.
Caso o pedido seja aceito pela Unesco, a PBH poderá definir uma verba anual específica para a manutenção do complexo formado pelo Museu da Pampulha, Casa do Baile, Iate Clube, Igreja de São Francisco de Assis, Casa Kubitschek e Fundação Zoo-botânica.
Além das flores
Mas até a candidatura ser analisada pela entidade internacional, uma série de desafios terá que ser enfrentada para a melhoria da região. Que o diga o engenheiro Fábio Souza Melo, diretor de Meio Ambiente da Associação de Moradores dos Bairros São Luiz e São José.
Apesar de a situação da Lagoa da Pampulha não ser critério para a concessão do título, Fábio alerta que ela faz parte do conjunto que o turista verá ao conhecer o complexo. “Há anos acontecem o desassoreamento e a limpeza das águas, mas não há manutenção do trabalho. Reivindicamos a sustentabilidade da lagoa”.
Depois de muitos adiamentos, o desassoreamento começou, há cerca de cinco meses, e deverá ser concluído em maio de 2014, segundo Régis Souto.
No mês passado, o vice-prefeito de BH, Délio Malheiros, garantiu que a etapa de despoluição da água, que exige dez meses de trabalho, só começará em janeiro. Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, a tecnologia a ser usada na intervenção ainda está em processo de licitação.
Planos para tratar 95% do esgoto até o fim do ano
Após 70 anos recebendo esgoto de Belo Horizonte e Contagem, a Lagoa da Pampulha poderá se ver praticamente livre do problema até o fim deste mês. Eugênio Álvares de Lima, superintendente de Serviços e Tratamento de Efluente da Copasa, garante que 95% do esgoto lançado na lagoa será coletado e tratado.
Os outros 5% ainda são um desafio. “Eles são despejados por moradores que usam fossa séptica. Estamos fazendo um trabalho de conscientização para que essa realidade seja mudada e consigamos chegar a 100% de esgoto tratado”.
O superintendente observa que o problema está sendo solucionado agora porque somente em 2002 a Copasa assumiu o compromisso de melhoria da qualidade da água na Pampulha, e o trabalho teve que ser gradual.
O tratamento do esgoto faz parte do conjunto de intervenções propostas para a despoluição da lagoa. Desassoreamento, recuperação da qualidade das águas e complementação do sistema de esgotamento sanitário da Bacia da Pampulha custarão R$ 240 milhões aos cofres públicos.