Norberto Mânica é preso no Rio Grande do Sul após condenação por Chacina de Unaí
Crime ocorreu no dia 28 de janeiro de 2004, quando as vítimas apuravam denúncias de trabalho análogo à escravidão
O fazendeiro Norberto Mânica, condenado a 64 anos de prisão pelo assassinato de três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho durante uma fiscalização em Unaí, na região Noroeste de Minas em 2004, foi preso nesta quarta-feira (15) em Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha. O caso ficou conhecido nacionalmente como a "Chacina de Unaí".
Norberto estava foragido desde setembro de 2023, quando teve a prisão determinada pela Justiça após o esgotamento de recursos. Segundo a Polícia Civil, ele foi localizado no interior de Nova Petrópolis, próximo à divisa com Gramado. Ao ser abordado pelos agentes, tentou se passar por outra pessoa, fornecendo um nome falso.
Último capítulo de um crime
A Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais (SRT/MG) divulgou uma nota confirmando a prisão de Norberto Mânica e reforçando a esperança de que este seja o último capítulo de um crime que se arrasta por 21 anos sem justiça definitiva.
O Superintendente Regional do Trabalho, Carlos Calazans, recebeu do Ministério Público Federal a comunicação oficial da prisão, assinada pelo juiz Franklin de Oliveira Netto. O documento informa que a audiência de custódia será realizada nesta quinta-feira (16), às 14h, na Vara Judicial da Comarca de Nova Petrópolis.
"Esperamos que este seja o último capítulo desta tragédia que se arrasta, sem justiça, há 21 anos", afirmou Calazans.
A SRT/MG também solicitou que Norberto seja transferido para cumprir pena em Minas Gerais, onde o crime ocorreu e onde corre o processo. Ademais, as autoridades judiciais serão instadas a fornecer informações sobre a situação atual dos outros seis condenados no caso.
Por fim, a Superintendência agradeceu o empenho do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, do Tribunal Regional Federal da 6ª Região, da Polícia Civil de Minas Gerais e da Polícia Civil do Rio Grande do Sul pela prisão do condenado.
Relembre o caso
A chacina ocorreu em 28 de janeiro de 2004, na zona rural de Unaí, na região Noroeste de Minas Gerais. As vítimas, os fiscais do trabalho Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, além do motorista Ailton Pereira de Oliveira, investigavam denúncias de trabalho análogo à escravidão na região.
Os fazendeiros e irmãos Antério e Norberto Mânica foram apontados como mandantes dos assassinatos e receberam penas superiores a 50 anos de prisão por quádruplo homicídio qualificado, com agravantes como motivo torpe, pagamento de recompensa e impossibilidade de defesa das vítimas.
Outros envolvidos no crime também foram condenados, entre eles Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro, Rogério Alan Rocha, Erinaldo Silva e William Gomes de Miranda.