Poucas horas antes de o prefeito Alexandre Kalil anunciar, para a próxima segunda-feira, novas restrições a setores da economia cidade, em razão da escalada dos números da Covid-19, o Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH) divulgou pesquisa mostrando que 90% do comércio teve resultado negativo no acumulado do ano de 2020. Justamente em função dos reflexos da crise sanitária.
O estudo, realizado entre 30 de dezembro e a última segunda-feira (4) com 107 empresas da Grande BH – que representam 535 lojas, de rua e shoppings, de dez segmentos –, também apontou que a crise gerada pela pandemia deverá afetar o faturamento de quase metade (49%) dos empreendimentos em 2021, conforme a opinião dos comerciantes.
De acordo com o presidente do Sindilojas-BH, Nadim Donato, os dados colhidos são “péssimos”. “O resultado foi pior do que a gente esperava. Ficamos 5 meses fechados e acreditávamos que trabalhando os outros 7 meses conseguiríamos recuperar, mas houve perda em todos os meses. Complicadíssimo”, afirmou.
Conforme o levantamento, das nove em cada dez empresas que relataram redução de vendas no ano, 53% informaram que os ganhos caíram entre 21% e 50%. Nem mesmo dezembro, tradicional período de melhoria no comércio, foi capaz de ajudar a maioria dos entrevistados.
Segundo a pesquisa, apenas 15% dos empreendimentos consultados perceberam aumento no faturamento naquele mês.
Diante das perdas em 2020, a pesquisa do Sindilojas-BH pediu aos empresários entrevistados que dessem sugestões sobre como os governos federal, estadual e municipal poderiam ajudar na recuperação do setor, neste ano.
No nível federal, o presidente da entidade explicou que os lojistas querem a reedição da legislação que permite a suspensão do contrato de trabalho e a redução da carga horária.
“Estamos em Brasília tentando isso porque a redução nos beneficia, tanto no caso de restrição de horário de funcionamento quanto no fechamento total do comércio, já que parte do salário é paga por nós e parte é paga pelo governo federal. Isso foi muito bom e salvou muitas empresas”, disse.
Donato também citou o auxílio emergencial que, independentemente do valor, representa uma injeção de dinheiro no país, capaz de permitir que “o povo continue consumindo e mantendo a economia girando”.
No âmbito estadual, Nadim cobrou que o governo de Minas invista em capital de giro para os empresários. “O governo estadual, que até agora não fez nada, precisa auxiliar com empréstimos a juros baixos e prazo maior”, afirmou.
Por fim, na questão municipal, o presidente do sindicato pediu que a Prefeitura de Belo Horizonte isente os empresários do pagamento do IPTU referente aos meses em que as lojas ficaram fechadas.
“Vai pagar sem ter condição de pagar? Seria uma maneira de a PBH ajudar quem sobreviveu nessa pandemia”, disse.
ALÉM DISSO:
A PBH e o governo estadual – este por meio do BDMG – comentaram ontem, por notas, as queixas apresentadas pelo presidente do Sindilojas-BH.
A Prefeitura não falou em isenção de IPTU, mas informou que não aplicará multas e juros por atraso no imposto de abril a dezembro de 2020 a comerciantes que tiveram alvarás suspensos em razão das restrições para controle pandemia. O débito ainda poderá ser pago em seis parcelas iguais, de julho a dezembro deste ano.
Agência de fomento do Estado, o BDMG garantiu que, ao contrário do que disse Nadim, empreendeu uma “série de ações, imediatamente após a oficialização da pandemia, em março, visando ajustar seu portfólio de linhas de crédito ao novo cenário”.
“Em 2020, o desembolso do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais para as micro e pequenas empresas mineiras foi recorde em seus 58 anos de história: R$ 906 milhões, 443% a mais do que em 2019”, informou a instituição.