(Leonardo Morais)
O número de casos de dengue em Minas Gerais é superior a toda a população de Porteirinha, no Norte de Minas. O balanço divulgado nesta sexta-feira (29) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) mostra que a doença já causou 31 mortes e atingiu 37.733 pessoas apenas nos três primeiros meses de 2013. Foram notificados 148.351 pessoas com a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Porteirinha possui pouco mais de cerca de 37,5 mil habitantes, conforme o senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2012.
O balanço, no entanto, desconsidera os dois óbitos confirmados, na última semana, pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. À tarde, a Prefeitura de Santa Luzia (RMBH) confirmou outro caso, de um menino de 4 anos, ainda não registrado pela SES, o que elevaria o número de mortes para 34.
Na capital mineira, duas mortes foram confirmadas em decorrência de complicações da doença pela Secretaria Municipal de Saúde. Esses óbitos, contudo, ainda não integram a lista do órgão estadual. A SES declarou situação de epidemia da dengue devido ao aumento de 211% no número de casos em apenas duas semanas.
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Em Uberaba foram nove óbitos, três em Montes Claros, duas em Uberlândia, Teófilo Otoni e Muriaé. As cidades de Carangola, Frei Gaspar, Buritizeiro, Ituiutaba, Ipanema, Pirapetinga, Pirapora, São Geraldo de Baixio, São João da Ponte, Campos Altos, Contagem e Sete Lagoas registraram pelo menos uma morte por dengue, conforme a SES.
Uma das justificativas da Secretaria de Estado de Saúde para o agravamento da situação de dengue em Minas Gerais é a troca de gestão nas prefeituras de 83% dos municípios mineiros, o que teria causado a desmobilização de muitas equipes de controle e vigilância. Com isso houve atraso na digitação e envio de informações sobre os números de casos de dengue. Há também a dificuldade no combate aos focos do mosquito transmissor nas residências – calcula-se que 80% deles estejam dentro dos domicílios. A reintrodução do sorotipo DEN-4 em 2011 é outro fator que influencia na gravidade da doença – este tipo de sorotipo não circulava em Minas há quase 30 anos, segundo a SES.
Veja abaixo a relação de cidades com casos confirmados de dengue em Minas Gerais:
Município
Tx. Incidência (I)
Casos notificados
Veríssimo
14166,19
491
Ibiaí
7756,09
608
Doresópolis
6944,44
100
Lassance
6748,84
438
Capitão Enéas
6173,45
877
Delta
6118,17
496
Coronel Fabriciano
5897,09
6.121
Centralina
5832,52
599
Timóteo
5576,99
4.524
Ipanema
5448,84
990
Leopoldina
5072,75
2.594
Jequitaí
5056,18
405
São Gonçalo do Pará
4987,99
519
Buritizeiro
4936,67
1.329
Cachoeira Dourada
4868,32
122
Corinto
4861,72
1.162
Guaraciama
4852,72
229
Visconde do Rio Branco
4745,47
1.801
Augusto de Lima
4675,53
232
Jaguaraçu
4292,42
128
Bocaiúva
4221,48
1.967
Glaucilândia
3947,37
117
Machacalis
3900,20
272
Virgem da Lapa
3794,50
517
Palma
3758,59
246
Águas Formosas
3727,95
689
Caetanópolis
3686,32
377
Itanhomi
3620,25
429
São José do Goiabal
3619,59
204
Mato Verde
3429,25
435
Total
29.018
Para poder receber pacientes com suspeita de dengue, a prefeitura de Belo Horizonte determinou que os 14 postos de saúde da capital funcionem durante todo o feriado da Semana Santa.
Em balanço divulgado na quarta-feira (27) a Secretaria Municipal de Saúde informou que a cidade já tem 5.760 casos confirmados da doença, sendo que duas pessoas morreram.
Na quinta-feira, a PBH descartou a suspeita da morte de uma mulher grávida atribuída à dengue hemorrágica. A Santa Casa de BH, onde ela morreu, informou que a paciente apresentou quadro pré-existente de infecção uterina aliado ao diagnóstico de dengue, impossibilitando afirmar a causa do óbito.
(Atualizada às 17h20)