O preço da guerra: ações de prevenção e combate ao Aedes aegypti custaram R$ 89 milhões ao Estado

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
11/05/2017 às 20:38.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:31
 (Reprodução/Internet)

(Reprodução/Internet)

Os prejuízos causados pelo Aedes aegypti em Minas não atingem somente a saúde da população, mas também os cofres públicos. O combate ao mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya demandou, somente em 2016, um orçamento de R$ 89 milhões destinado às ações de vigilância epidemiológica e ambiental no Estado. Um aumento de 78% em relação ao investimento do ano anterior, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

No caso da dengue – doença que faz mais vítimas até o momento –, os gastos com o tratamento de pacientes infectados pelo vírus dobrou no mesmo período. Em 2015, o Estado desembolsou R$ 1,8 milhão referente à internação de 5.560 pessoas. No ano seguinte, o valor saltou para R$ 3,8 milhões equivalentes à 10.126 internações.

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Para esse ano, o orçamento disponível no Estado continua sendo de R$ 89 milhões. As ações de combate ao Aedes aegypti terão R$ 41,9 milhões e as de emergências em saúde pública ficarão com o montante de R$ 47,6 milhões, segundo detalhamento da SES-MG. 

Casos

O número de casos prováveis de dengue em Minas, apesar de elevado, caiu drasticamente no comparativo do primeiro quadrimestre de 2017 com o mesmo período do ano passado. De janeiro a abril de 2016, o Estado havia registrado mais de 480 mil casos. Agora, eles não passaram de 23 mil no mesmo intervalo de tempo.

Já as notificações de chikungunya seguem na direção oposta. Até o início de maio, o Estado já tinha 13.342 casos suspeitos, número 26 vezes maior do que o total registrado em todo o ano de 2016. 

vetor dessas doenças

Os registros de zika vírus também diminuíram significativamente. Nos primeiros quatro meses deste ano, Minas teve 646 suspeitas. O valor é 94% menor do que o do mesmo período de 2016, quando 12.876 casos foram contabilizados. 

O ponto comum em todos os contextos é a liderança de Governador Valadares no número de notificações. A cidade do Leste de Minas tem, até agora, 44 casos de zika, 3.072 de dengue e nada menos que 8.976 de chikungunya.

Dentro de casa

Pesquisas recentes têm mostrado que os focos do mosquito se concentram dentro das residências, o que comprova a necessidade cada vez maior de envolvimento e responsabilidade por parte da população para evitar a proliferação do vetor e o desperdício de dinheiro público. 

“O mosquito tomou conta do ambiente em função da falta da organização do espaço urbano, que foi crescendo muito. Agora, é essencial reforçar todas as campanhas educativas, sobretudo com as novas gerações, dentro das escolas”, avalia o infectologista Carlos Starling. 

74 gestantes estão com suspeita de infecção por chikungunya em Minas, segundo levantamentos da SES-MG

Para ele, é imprescindível mais investimentos em controle sanitário dentro das cidades. A coleta de resíduos que abrigam água e servem de criadouro para o mosquito deve ser uma prioridade nos municípios, acrescenta o médico.

BH segue tendência com aumento de gastos e internações

O aumento no número de internações motivadas pela dengue na capital mineira segue a mesma tendência do resto do Estado. Dados levantados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apontam que, nos últimos três anos, a quantidade de pessoas infectadas elevou em quase dez vezes as hospitalizações. 

Segundo a administração municipal, foram 168 pessoas internadas com dengue em 2014, 677 em 2015 e 2.861 em 2016 – um aumento de 322% só no último ano. Para os casos de chikungunya, a elevação foi tímida: apenas uma internação em 2015 e três em 2016.

Até o momento, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, não há registros de hospitalização motivada pelo zika vírus em Belo Horizonte.

Combate mais caro

Por consequência, a conta também ficou mais cara. Em 2016, o município investiu R$ 39,7 milhões em ações que incluem o combate ao mosquito Aedes Aegypti. O montante é quase 40% maior do que o total gasto no ano anterior. 

O valor é referente ao Piso de Vigilância em Saúde e se destina também ao financiamento das ações como campanhas de vacinação, controle de dengue e leishmaniose e apoio diagnóstico.

Além dos valores recebidos do Ministério da Saúde, a prefeitura ainda gasta, todos os meses, R$ 1,2 milhão em recursos próprios no combate ao Aedes.

São “ações de campo, como aquisição de equipamentos de proteção individual para os agentes, folha de pagamento, materiais para a rotina de trabalho (lanternas, pilhas, formulários, entre outros) e mobilização”, explicou a secretaria em nota.

Números

Balanço da pasta mostra que, de janeiro até o início de maio deste ano, Belo Horizonte contabilizou 2.113 casos de dengue. As taxas classificam o município como de situação de baixa incidência para a doença.

O levantamento mostra, ainda, que 21 casos de zika vírus foram registrados na cidade até o momento. Já para a chikungunya, são 80 notificações.

  

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