Pelo menos duas mil pessoas deixaram de ser transportadas, nesta quarta-feira (10), pelo trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). O local está interditado desde a tarde dessa terça-feira (9) pelos índios krenak, em Resplendor, no Vale do Rio Doce. As negociações para a liberação da linha continuam, sem sucesso.
O único avanço até agora foi a liberação do funcionário da Vale que teria ido à aldeia para negociar e acabou impedido de deixar o local. Os índios reivindicam, entre outros, repasse financeiro de R$ 3 milhões e a saída da equipe técnica da Vale que apoia a implementação do projeto de pecuária leiteira na aldeia.
Essa é a segunda vez em menos de uma semana que os índios interditam a ferrovia. A primeira foi sábado (6),quando a manifestação durou cerca de sete horas. Os índios alegam que a mineradora vem descumprido acordos firmados entre as partes desde 2006, ano em que uma manifestação semelhante comprometeu o transporte de cargas e passageiros.
A Vale informou, por meio de nota, que está tomando as medidas necessárias para liberar o trafego ferroviário e alerta que a Estrada de Ferro está fora da área de abrangência da terra indígena krenak. Os passageiros que adquiriram seus bilhetes com antecedência podem remarcar a viagem ou pedir reembolso no prazo de 30 dias.
Negociações
De acordo com a Vale, representantes da empresa se reuniram com os indígenas na segunda-feira (8), mas não houve acordo. “Cabe destacar que o acordo em questão é uma liberalidade, mas, ainda assim, durante várias reuniões com a Vale, com o Ministério Público Federal e com a Funai, os indígenas se mostraram inflexíveis diante das propostas apresentadas”, informa a Vale.
“A empresa ratifica sua intenção de manter o canal de comunicação aberto com as comunidades, mas repudia quaisquer manifestações violentas que coloquem em risco seus empregados, passageiros, suas operações e que firam o Estado Democrático de Direito e ratifica que obstruir ferrovia é crime”, avisou, por meio de nota.