UTI LOTADA

Ocupação de leitos pediátricos chega a 95% em BH, que tem até crianças na fila de espera

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
23/03/2023 às 14:41.
Atualizado em 23/03/2023 às 15:47

A ocupação das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) pediátrico e neonatal já chega a 90% e 95% em Belo Horizonte. A lotação na rede pública é provocada, principalmente, pelo aumento da circulação de vírus respiratórios, como o sincicial, que afeta crianças de até 2 anos com bronquiolite. O balanço foi divulgado pela prefeitura nesta quinta-feira (23).

De acordo com a PBH, 18 pacientes de até 14 anos aguardam por leitos de internação. Desses, oito são de outros municípios. O número, no entanto, é “dinâmico”. As vagas são distribuídas de acordo com as patologias, o que explica a fila de espera. “A busca é direcionada para a necessidade específica”, explica a Secretaria Municipal de Saúde.

Em meio à sobrecarga, famílias enfrentam dificuldades nas unidades de saúde. Pais têm esperado por horas para conseguir o socorro aos filhos. Caso da moradora Samantha Ferreira, de 36, que levou o filho Oliver Santos, de 2, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte. 

O menino estava com sintomas gripais. “Estamos aqui desde 7h aguardando. Pediram uma radiografia, mas já falaram que a média de espera para o atendimento é de quatro horas”, lamentou Samantha, no fim da manhã. 

Mesma situação viveu a operadora de telemarketing Shirlene Figueiredo, de 33, que chegou a ligar para a UPA antes de sair de casa. “Cheguei 6h40 e até agora não fui atendida, já são quase 10h. Está cheio. Uma mãe que estava aqui desde 6h só foi chamada agora”, contou Shirlene. 

A dificuldade, no entanto, não se resume à rede pública. A bióloga Larissa Alvarenga, de 27 anos, conta que ficou mais de duas horas aguardando para passar com o filho Lucca, de 3, apenas pela triagem. Ao todo, a mãe esperou mais de quatro horas pelo atendimento em um hospital da região central, na quarta-feira. 

“Estava simplesmente lotado. Já precisei levar ele algumas vezes no pronto atendimento e nunca tinha demorado tanto. Ontem, fiquei realmente impressionada. Até para mandarem ele para a triagem. Logo quando eu cheguei a recepcionista me falou que estava com espera aproximada de quatro horas. E realmente foi o que demorou para sermos atendidos”, reclama. 

Larissa diz que foi surpreendida ao notar o hospital tão cheio, mesmo fora do período sazonal. “Eu fiquei bem impressionada porque esse tipo de demora, com o hospital lotado costuma acontecer no inverno, não logo após o verão”.

Segundo ela, os relatos das mães eram praticamente todos de crianças com sintomas gripais. “Muita gente indignada com relação à demora nos atendimentos”, acrescentou. 

(Valéria Marques / Hoje em Dia)

PBH promete abertura de mais vagas

A situação preocupa, segundo o diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica, Paulo Roberto Corrêa. “Algumas crianças têm um quadro de agravamento respiratório, necessitando de internação”, disse, em entrevista à TV Globo.

A pressão no sistema  se deve a uma “antecipação” da curva sazonal. “Esses casos se anteciparam em algumas semanas em relação ao ano anterior, gerando uma grande demanda”.

No entanto, o alerta  já havia sido anunciado no último ano. Ao Hoje em Dia, em dezembro de 2022, o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, falou sobre a circulação de três vírus respiratórios em março. 

Questionada sobre a situação, a PBH informou  “há perspectivas de ampliação do número de leitos de UTI neonatais e pediátricos nas próximas semanas”. O Executivo reforçou que o sistema é dinâmico e funciona 24 horas por dia.

“Quando a solicitação chega à Central de Internação, o quadro clínico do paciente é avaliado por um médico regulador e, de acordo com a disponibilidade de vagas, o paciente é encaminhado para o hospital. Para a liberação da vaga, são utilizados critérios de prioridade que incluem gravidade e leito disponível. O tempo de espera varia de acordo com a especialidade do leito e a especificidade do caso”.
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