Onda de protestos tomará Belo Horizonte a partir desta quinta-feira

Rosildo Mendes e Gabriela Sales - Hoje em Dia
Publicado em 15/05/2014 às 08:07.Atualizado em 18/11/2021 às 02:35.
 (Frederico Haikal)
(Frederico Haikal)

A partir desta quinta (15), os protestos começam a se intensificar pelas ruas e avenidas de Belo Horizonte e outras capitais do Brasil. Pelo menos nove manifestações já estão agendadas até o fim deste mês na capital mineira e as caminhadas populares podem acontecer em pontos diferentes da cidade.

Hoje está previsto um movimento nacional denominado “15M” que promete parar todas as capitais brasileiras em um ato contra os gastos com a Copa do Mundo. Em BH, vários sindicatos em campanha salarial planejam engrossar o protesto.

A repercussão do movimento é tão grande, com o temor da participação de black blocs, que mensagens recomendando às pessoas que evitem a área central de BH se espalharam pelo WhatsApp.

Reunião

Nessa quarta, a Comissão de Prevenção à Violência em Manifestações Populares do Ministério Público se reuniu com integrantes dos movimentos populares, polícias Militar e Civil e representantes de direitos humanos para traçar metas e garantir o diálogo entre a sociedade e as forças de segurança.

O objetivo é evitar o embate entre a PM e manifestantes durante protestos. “Com certeza o povo vai às ruas. Acreditamos que a polícia usará essas reuniões para criar ações repressivas contra os manifestantes”, afirmou Bruno Cardoso, representante da Rede de Enfrentamento à Violência Estatal (Reve).

Já o integrante do Coletivo Outra Frequência, da UFMG, Leonardo Custódio Silva, disse que a comissão é uma conquista e pode, sim, garantir a integridade física e psicológica das pessoas.

Para André Dias, professor e coordenador do Programa Polos de Cidadania da UFMG, o descumprimento de acordos como a prisão de pessoas que apenas registravam com fotos e filmagens os protestos e a utilização de bala de borracha afastaram os líderes de vários movimentos desse espaço.

O procurador e coordenador da Comissão, José Antônio Baeta, destaca que o direito de manifestar é legítimo desde que não haja depredação e agressões contra os servidores. "A intenção é evitar o confronto e o diálogo pode ajudar, mas se houver detenções, os presos, inclusive os menores, serão encaminhados à delegacia Noroeste, no bairro Alípio de Melo”, afirmou.

Trânsito parado

Nessa quarta, um protesto dos servidores municipais em greve parou o trânsito em vários pontos de BH, na região Centro-Sul. Até o início da noite, mesmo após o fim da manifestação, havia congestionamentos espalhados. E a Justiça concedeu liminar à Prefeitura de BH, determinando que os servidores em greve ocupem apenas uma pista de rolamento das ruas e avenidas durante as passeatas. O descumprimento acarretará multa diária de R$ 15 mil ao sindicato.

Polícia afirma estar pronta para atuar

Para diminuir os atos criminosos e de vandalismo, as forças de segurança em Minas realizam os últimos preparativos para o Mundial de futebol.

Identificação de possíveis baderneiros são algumas das ações que já são realizadas pela Polícia Civil. “Temos equipes atuando em várias investigações. Algumas pessoas já estão sendo processadas pelos crimes já cometidos em outros protestos”, disse o delegado Luciano Vidal, coordenador de Operações da Superintendência de Investigação e Policia Judiciária.

Segundo a tenente-coronel Cláudia Romualdo, chefe do Comando de Policiamento da Capital, a forma de atuação da PM irá depender de como serão os atos de protestos pela cidade. “A ação da PM será diretamente ligada ao comportamento das pessoas”.

A PM não descarta o uso do canhão de som e de balas de borracha para conter os manifestantes. “A utilização do canhão de som é para evitar ferimentos, pois apenas desequilibra as pessoas”, explicou o coronel Antônio de Carvalho.

A corporação irá receber equipamentos de segurança, como capacetes e coletes à prova de balas, mas ainda não foram entregues. Segundo a Associação dos Praças, Policiais e Bombeiros Militares (Aspra), os equipamentos foram comprados, mas não têm data para serem entregues. Já a corporação confirma que o material está nos batalhões.
 

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