Ônibus coletivo em Minas à margem da segurança

Izabela Ventura - Hoje em Dia
Publicado em 05/01/2014 às 07:39.Atualizado em 20/11/2021 às 15:09.
 (Flávio Tavares)
(Flávio Tavares)

O poder público exige inúmeras medidas de segurança para garantir a integridade física de ocupantes de veículos pequenos. São obrigatórios cinto de segurança, encosto de cabeça, cadeirinha para as crianças e, desde o dia 1º de janeiro, freios ABS e air-bag. Mas, aos que utilizam o transporte coletivo, a preocupação com as consequências de acidentes praticamente inexiste.


Somente em 2013, houve 1.050 atendimentos no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS) relacionados a acidentes de trânsito com ocupantes de ônibus. Em 2012, foram 866, um aumento de 21%.


Quem presenciou o acidente com um ônibus da linha 822 (Estação José Cândido da Silveira/Vila Santa Maria)), na última terça-feira, no bairro Goiânia, em Belo Horizonte, impressionou-se com a violência da batida com uma carreta e o tombamento. As duas pessoas que morreram (14 passageiros também ficaram feridos) foram arremessadas para fora do veículo e esmagadas.


O caso reacende a discussão sobre a presença de cintos de segurança nos coletivos urbanos, proposta esquecida por gestores públicos.


O cirurgião-geral de trauma do HPS Guilherme Durães Rabelo, que atendeu alguns dos feridos, acredita que se os passageiros estivessem presos às poltronas, as mortes e as lesões graves teriam sido evitadas.


Para Rabelo, que também é vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), a falta de cinto de segurança e o fato de passageiros serem transportados em pé nos coletivos são dois absurdos que expõem os usuários a riscos.


“Freadas bruscas, curvas abruptas ou batidas podem ocasionar contusões, cortes, hematomas, fraturas, traumas torácicos ou cervicais e, em casos mais graves, traumatismos crânio-encefálicos”, cita.


Um projeto de lei (PL) que poderia evitar ferimentos graves e mortes em acidentes no transporte público chegou a tramitar na Câmara Municipal de Belo Horizonte, mas foi arquivado pelos parlamentares.


O PL 789/2005, do então vereador e atual deputado estadual Paulo Lamac (PT), instituiria a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança e de encosto de cabeça em todos os veículos do sistema de transporte coletivo do município.


Vítimas


Mas, enquanto não é colocado em pauta, os usuários, principalmente os idosos continuam se machucando nos coletivos. Foi o que aconteceu com a dona Doraci Martins de Paula, de 66 anos.


Ela sofreu uma queda em um ônibus da linha 1280, que vai de Contagem, na região metropolitana, para Belo Horizonte. “Fiquei muito ferida nas costas, e o motorista me levou até o HPS. Se eu tivesse com um cinto de segurança, eu não teria caído daquela maneira”, acredita ela, que pagou pelos remédios sozinha, sem saber que tinha direito ao Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat).
 

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