(Reprodução/Facebook)
Três pessoas foram presas durante operação da Polícia Federal, no Norte de Minas, que desmantelou uma quadrilha especializada em fraude em licitações no transporte escolar. Entre os detidos estão o ex-prefeito de Jaíba, Sildete Rodrigues de Araújo, o prefeito cassado, Jimmy Murça e o vereador Adilson de Freitas David (PRB). Outras duas pessoas estão foragidas, sendo uma delas o irmão do ex-prefeito Silvano Rodrigues de Araújo, que foi candidato a deputado federal em 2010.
Denominada “Operação Agosto”começou depois que em junho deste ano o atual presidente da Câmara Municipal de Jaíba, Júnior Leonir Guimarães Freitas, relatou ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) irregularidades praticadas em licitações em transporte escolar.
As fraudes ocorriam com o direcionamento das contratações às empresas e/ou pessoas ligadas à organização criminosa. “O esquema era articulado. Os integrantes realizavam uma reunião previamente para definirem os trechos que seriam os vencedores e o valor que seria efetivamente pago”, explicou o delegado regional da Polícia Federal, Marcelo Eduardo Freitas.
Com o dinheiro da fraude, a quadrilha aplicava os recursos em bens, móveis e imóveis, cujas propriedades eram ocultadas com a participação de outros empresários e “laranjas” ligados aos principais membros da organização criminosa. “O patrimônio amealhado supera facilmente os R$ 5 milhões. Apenas as licitações do transporte escolar, nós estimamos um desvio de R$ 1,5 milhão”, diz o delegado.
Durante dois meses, o caso ficou em apreciação na Câmara Municipal de Jaíba. De acordo com presidente da Câmara, Júnior Leonir Guimarães Freitas (PSDB), o então prefeito Jimmy Murça combinava ganhadores em licitação do transporte escolar antes mesmo da realização do pregão. “Um dia antes da abertura da licitação, o prefeito havia definido quem seria os beneficiários das linhas abertas no município”, contou.
Para que o plano não desse errado, as empresas concorrentes ofereciam propostas abaixo do valor de mercado cobrado na região. “O valor não cobria nem mesmo o combustível que seria utilizado”, completou o presidente da Câmara.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, o prefeito cassado, Jimmy Murça, é suspeito de tentar subornar vereadores para impedir a votação de seu afastamento da administração pública. "As ofertas ao legislativo variaram de R$ 200 mil a R$ 1 milhão”, contou o delegado.
A operação recebeu o nome de Agosto em referência ao romance de Ruben Fonseca, e ao período de investigação, que teve duração total de quatro meses, explicouo delegado regional Marcelo Eduardo Freitas.
Os presos responderão, na medida de suas participações, por crimes contra a administração pública, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, dentre outros. Se condenados, as penas máximas aplicadas aos crimes ultrapassam 30 anos.