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Falar de Minas sem falar de pão de queijo é tarefa quase impossível. Tradicional na mesa dos mineiros, acompanhado de café quentinho e água na boca, o item ganhou até um dia para chamar de seu: 17 de agosto.
A tradição começou no século 18, pelo fato de Minas Gerais não ser um grande produtor de trigo. A receita a base de polvilho doce, leite e ovos se popularizou e virou o pão dos mineiros. “Tornou-se cultural, como se fosse o arroz com feijão. A presença do pão de queijo era obrigatória, fazia parte do menu”, afirma o chef de cozinha e professor do curso de Gastronomia do Centro Universitário Una, Edson Puati.
O chef e dono do restaurante Xapuri, Flávio Trombino, aprendeu a receita com a mãe, dona Nelsa. “Minha mãe é paulista e aprendeu a receita quando veio morar em Minas, ao pés da Serra da Canastra, em Lagoa da Prata”, conta. “O pão de queijo está para a cozinha mineira assim como o acarajé está para a baiana”, compara.
Ao longo dos anos, novas formas de comer pão de queijo apareceram. Para o professor Edson Puati, uma das grandes vantagens é a diversidade. “Pão de queijo com mandioca, com beterraba, batata doce... As possibilidades são infinitas a partir da base do polvilho”.
Até os alemães deleitaram-se com a especialidade do Estado durante a Feira do Livro de Frankfurt, no ano passado. O sabor mineiro foi levado pelo chef Ari Kespers, que dá sua receita, logo abaixo, assim como o chef Eduardo Avelar. “É como comer uma cultura”, afirma Avelar, colunista do Hoje em Dia.
Faturamento de dar água na boca
Na data em que se celebra o Dia do Pão de Queijo, Forno de Minas e Pif Paf, duas tradicionais marcas alimentícias mineiras, comemoram um faturamento de dar água na boca. Entre 2012 e 2013, as empresas registraram altas de 38,3% e 25%, respectivamente, exclusivamente no que diz respeito à venda da iguaria que é símbolo de Minas Gerais. Para este ano, apesar de a economia patinar, a previsão é de continuar crescendo, com elevações de 35% e 25%, na mesma base de comparação.
Para atingir o crescimento, a Forno de Minas investiu R$ 40 milhões em ações de atração do cliente e maquinário para a fábrica. O aporte foi realizado entre o início de 2013 e junho de 2014.
A empresa fabrica 1,8 tonelada de pães de queijo congelados por mês e comercializa o produto em todo o país. Oito por cento da produção é exportada para Chile, Uruguai, Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. “Agora, estamos prospectando a Colômbia”, afirma o diretor Comercial da companhia, Vicente Camiloti.
Ele explica que a companhia possui 26 tipos diferentes do produto, destinados a mercados diversos, como escolas, lanchonetes, residencial, entre outros. “O pão de queijo é um item democrático. Você entra em uma lanchonete muito humilde e lá está ele. Entra em um estabelecimento mais requintado e também o encontra”, diz. O produto responde por mais de 80% do faturamento da empresa.
Pif Paf
Para atrair uma gama maior do público, a Pif Paf lançou, no ano passado, o pão de queijo sem lactose. “Muitas pessoas que têm intolerância à substância, ou que fazem dietas de restrição, agora podem consumir. Com isso, cativamos um público grande”, afirma o diretor comercial da empresa, Edvaldo Campos.
Hoje, o pão de queijo representa cerca de um terço do consumo das massas comercializadas pela marca. Entre elas, lasanha, pizza, escondidinho e penne ao molho. Além de atender ao mercado local, a Pif Paf exporta para Ásia, Europa e América do Norte.
Além do presunto com muçarela
O sucesso do “pão mineiro” é tanto que a franquia Pão de Queijaria, inaugurada há pouco mais de um ano em Belo Horizonte, resolveu apostar no prato como carro-chefe do negócio e incrementar a mistura de polvilho e queijo com 14 opções de recheio.
“O público gostou muito da ideia, achou diferente, porque estava acostumado a rechear apenas com presunto e muçarela. Pão de queijo igual ao daqui as pessoas nunca viram”, afirma o proprietário Rogério Araújo.