O motorista de ônibus José Geraldo, de 66 anos, acompanha a esposa dele, Betânia Soares, de 46, após uma cirurgia de endometriose, realizada durante um mutirão de procedimentos que teve início neste sábado (8), no Hospital da Baleia, na região Leste de Belo Horizonte.
A mulher, segundo o motorista, aguardava a cirurgia há nove anos. "Minha esposa aguardava pela cirurgia desde 2016, e foi realizado hoje, graças a Deus. A gente chegou a ter uma marcação em 2018, mas aí veio a pandemia de Covid e embolou tudo", disse José Geraldo.
Segundo ele, o mutirão ajuda a aliviar a dor das pessoas que sofrem com a endometriose. "Essa ação deveria acontecer mais vezes, para poder tirar muitas mulheres desse quadro, pois só quem conviveu e convive com essa situação sabe como é sofrido", lembrou.
O Hospital da Baleia deu início neste sábado (8) ao mutirão de cirurgias de endometriose infiltrativa, forma mais agressiva da doença que causa dor e, na maioria dos casos, até infertilidade. Serão 60, ao todo, por meio de videolaparoscopia, técnica não coberta pelo SUS. Neste primeiro dia, serão realizados três.
Conforme o dr. Maurício Bechara, coordenador da Ginecologia do Hospital da Baleia, que realizou o procedimento na paciente, a cirurgia é minimamente invasiva.
"É a cirurgia laparoscópica, menos dor, retorno mais rápido das atividades laborativas, menos remédio pós-operatório e alta precoce. Nós estamos oferecendo o mesmo tratamento da paciente de SUS igual ao paciente de convênio particular. Esse é o diferencial do nosso projeto. Oferecer dignidade para paciente do SUS", detalhou.
Devido à extensão e complexidade, os atendimentos serão feitos ao longo do ano, reduzindo pela metade a fila pelo tratamento cirúrgico - que atualmente é de 120 pacientes.
As cirurgias vão envolver equipes de cirurgiões de duas clínicas distintas em cada uma das intervenções. A videolaparoscopia é uma técnica minimamente invasiva, proporcionando melhor recuperação às mulheres, além de aumentar as chances de manter a fertilidade.
“Muitas dessas mulheres ainda estão na idade fértil e uma cirurgia deste porte poderia comprometer a possibilidade de gravidez. Por isso a importância de fazermos por esse método de laparoscopia”, comenta Bechara.
As cirurgias serão realizadas graças à emenda parlamentar da vereadora Marcela Trópia, no valor de R$ 650 mil.
Sobre a endometriose
A endometriose é uma doença ginecológica que se desenvolve no endométrio, parte superior do útero, e gera pontos de inflamação causando dores intensas principalmente nos períodos de menstruação. Além da dor, muitas vezes incapacitante, a condição costuma diminuir a fertilidade dessas mulheres.
Em alguns casos, com a evolução da doença, a endometriose pode “infiltrar” nos tecidos do entorno, como no intestino, cólon, reto e anus, entre outros. Nesses casos, a cirurgia precisa envolver cirurgiões ginecológicos e coloproctologistas.
(Maurício Vieira/Hoje em Dia)
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