Paizão: homens mais velhos, com tempo e amor de sobra para os filhos

Raquel Ramos - Hoje em Dia
Publicado em 11/08/2013 às 10:02.Atualizado em 20/11/2021 às 20:52.

Com filhos criados e a caminho da aposentadoria, Danilo Lopes foi surpreendido com uma notícia que virou a sua vida ao avesso. A mulher, Fabiana Mendes, de 29 anos, estava grávida. O bebê era o primeiro da esposa. Mas a “rapa do tacho” para ele que, na juventude, foi pai duas vezes.

Com mais de 50 anos, Danilo voltou a passar madrugadas em claro para cuidar do caçula Estêvão, hoje com 7 anos. A disposição não era a mesma, confessa. No entanto, nada foi visto como tarefa árdua pelo prazer que era, pela primeira vez, ter tempo para cuidar de um filho.

O privilégio de ser pai na maturidade não é exclusividade dele. Favorecidos pela natureza que os mantém férteis, mesmo na terceira idade, muitos homens que estavam com a “vida pronta” se veem envoltos com os cuidados que uma criança precisa.

Dessa vez, no entanto, têm chance de vivenciar a paternidade de forma diferente. “Era muito novo quando fui pai. Trabalhava demais, não tinha tempo. Na tentativa de acertar, fui duro com os meninos. Com a idade, minha visão mudou e tento não repetir os mesmos erros”, comenta.

Sem apertos financeiros e tempo de sobra por causa da aposentadoria, a relação com Estêvão é mais próxima. “Posso levá-lo e buscá-lo na escola, dar banho, ajudar no para casa”.

E engana-se quem pensa que as atividades são cansativas para o pai de 57 anos. “Ser pai novamente me rejuvenesceu. Conheço todos os desenhos, vamos ao cinema, viajamos juntos. Se não fosse o Estêvão, seria um velho ranzinza, cheio de manias”, confessa.


Nova vida

A experiência de ser pai tardio preencheu a vida do projetista Nélio Azevedo, de 61 anos. “Tinha dois filhos grandes, hoje com mais de 30 anos. Casei de novo e ter um bebê fazia parte dos planos”. Foi uma corrida contra o tempo. A esposa, Claudia Andrade, tinha passado dos 40 anos, e a gravidez era de risco. Depois de um doloroso aborto, nasceu Gabriel, hoje com 11 anos. “Ele chegou em uma época em que eu estava para baixo, deprimido, sem perspectiva de futuro. Gabriel me deu nova vida”, garante ele.

Muito presente na criação do filho, o garoto acabou herdando várias características do pai. “Como eu, Gabriel gosta de assistir a documentários científicos e se interessa por livros. As pessoas notam que ele tem vocabulário de adulto. Além disso, passa horas desenhando e faz isso muito bem”, orgulha-se.

Mas, ao mesmo tempo em que Nélio se desdobra para cuidar do pré-adolescente, também recebe, em troca, a preocupação do filho. “Esta semana, por exemplo, ficou nervoso porque tive que tomar injeção. Estava fazendo o papel de um pai”, compara.

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