No ano da segunda maior epidemia de dengue em Minas Gerais, com registro de mais de 483.500 casos prováveis da doença, o governo de Minas pretende investir ainda mais na mobilização de prefeituras e sociedade civil. A intenção da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) é convidar ações espontâneas de conscientização para um esforço conjunto, com orientação especializada.
“O Estado tem que fazer sua parte, mas é muito importante ter uma relação de parceria com a sociedade. Tivemos a boa surpresa de ver mobilizações que acontecem em academias, igrejas, associações e Sistema S (Sesc, Senac, etc). Já existem muitos esforços sendo feitos de forma pulverizada, a intenção agora é trazer esses trabalhos para que a secretaria possa dar um direcionamento a esse esforço”, afirmou o secretário de Saúde, Carlos Eduardo.
Segundo ele, em 2019, foram destinados R$ 18 milhões a hospitais que atuaram no atendimento a pacientes com dengue e R$ 24 milhões para prefeituras mineiras. Um projeto em andamento é uma fábrica de wolbachia (bactéria que infecta o Aedes aegypti), que deverá ser custeada pela Vale, como compensação pelos problemas causados pela tragédia em Brumadinho.
O Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa) de outubro indicou que 2% dos 803 municípios que enviaram dados estão em situação de risco para a ocorrência de surto e 30% estão em situação de alerta.
Sarampo
Em 2019, foram confirmados 120 casos de sarampo em Minas. Para o secretário, o número de ocorrências aconteceu de maneira controlada e houve uma redução nas notificações no fim do ano. Isso porque houve um trabalho feito em rodovias e aeroportos para que o surto ocorrido em São Paulo – onde foram notificados mais de 10 mil casos – não se expandisse para o Estado.
“E não há outra forma de se combater o sarampo a não ser com vacinação”, afirmou Carlos Eduardo, reforçando que o trabalho de imunização da população sobre o sarampo será mantido.
Hospitais regionais
Obras de construção em seis hospitais regionais – Teófilo Otoni, Sete Lagoas, Governador Valadares, Divinópolis, Além Paraíba, Juiz de Fora – estão paralisadas por falta de recursos desde a gestão passada. De acordo com o secretário, o Governo está buscando parcerias com a iniciativa privada para a reativação das obras. Segundo ele, também estão sendo feitas negociações com Vale e Fundação Renova (entidade que atua na reparação dos danos provocados pela tragédia em Mariana), como compensações pelos danos em Brumadinho.
Procurada, a Vale informou que mantém interlocução com representantes do Poder Público, Ministério Público, Defensoria Pública e demais órgãos competentes para entender as demandas dos atingidos e, caso confirmadas, resolvê-las de forma célere, sempre em comum acordo com todas as partes interessadas. Os procedimentos adotados pela empresa respeitam esse trâmite.
A Fundaçao Renova informou que não vai se manifestar sobre o assunto.
Fusões
O secretário adiantou ainda que a pasta estuda a viabilidade de uma fusão entre os hospitais João XXIII e o João Paulo II, além de Júlia Kubitschek com Alberto Cavalcante. A intenção é reduzir custos administrativos, como aquisição de medicamentos (quanto maior a compra, menor o preço) e lavagem de rouparia. “Não vai mudar em nada o atendimento aos pacientes”, garantiu o secretário.
Acerto de dívidas
O principal desafio da pasta nesse início de gestão foi voltar a atrair a confiança de fornecedores, que não queriam mais ter relações comerciais com o Governo por conta de dívidas não quitadas. “A falta de credibilidade estava tão grande que 90% dos nossos pregões estavam desertos”, lembrou o secretário, acrescentando que a pasta tinha dívidas até mesmo com gasolina. O deficit em janeiro era de 3,84 bilhões.
A prioridade então passou a ser a quitação de notas fiscais de dívidas com vários tipos de fornecedores. Do valor herdado, foram pagos R$ 838,9 milhões e a expectativa é que a SES- MG fique em dia com os fornecedores em fevereiro de 2020.
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