UBERLÂNDIA - A onda de explosões e furtos em caixas eletrônicos fez com que bancos reduzissem o atendimento para até as 17 horas em Uberlândia (556 km de Belo Horizonte). Após a medida, adotada em março, o número de ocorrências caiu, mas o Ministério Público iniciou uma campanha para as agências voltarem aos horários normais. Desde então, os caixas eletrônicos passaram a funcionar só até as 17 horas ou, no máximo, 19 horas. As estratégias - que incluem a retirada do dinheiro dos pontos - foram adotadas em conjunto com as polícias Civil e Militar para evitar as explosões. Enquanto em 2013 a cidade teve 64 explosões e uma morte em caixas eletrônicos, desde o mês passado houve só uma ocorrência do gênero registrada. Só que a redução do horário de atendimento desagradou consumidores e o Ministério Público. Devido às queixas que chegaram à Promotoria Regional de Justiça do Cidadão, o promotor Fernando Martins solicitou aos bancos que voltem a disponibilizar o serviço das 6 às 22 horas. "Isso é um bullying contra o consumidor", afirmou Martins. Para ele, a atividade bancária é de risco e o consumidor já arca com os custos dos serviços de segurança, por isso não pode ser prejudicado. De acordo com o promotor, um banco já retomou o horário convencional e outro terá audiência para discutir o assunto. "Se [os outros] não atenderem a convocação, serão processados e a multa será de acordo com o faturamento de cada um", afirmou o promotor. Procurada pela reportagem, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) não comentou o assunto. Táticas Além da redução do horário de funcionamento dos caixas, os setores de atendimento automático passaram a ter iluminação noturna permanente, uma cortina de fumaça em caso de deslocamento do equipamento e segurança armada. O combate a esse crime também recebeu prioridade da Polícia Militar. "A presente interrupção desse modismo de furto na cidade resulta de trabalhos conjuntos desenvolvidos desde o ano passado pela PM com a Polícia Civil e com os responsáveis pela segurança das agências bancárias", disse o capitão da PM Miller Michalick. Ele disse não ver necessidade de reduzir o horário de atendimento dos caixas eletrônicos, pois as explosões ocorrem durante a madrugada, "principalmente entre 2 e 4 horas". Até meados de março, Uberlândia era uma das cidades mineiras mais atingidas pelo crime de explosão. Um grupo formado por policiais militares, civis e federais passou a fazer operações específicas, que geraram 42 prisões nos três primeiros meses de 2014, ante as 89 detenções em todo o ano passado.