A limpeza da lagoa da Pampulha deve, finalmente, sair do papel. O trabalho, que foi prometido para a Copa do Mundo de 2014, está previsto agora para ser finalizado no início de 2017. As ações para recuperação da qualidade do espelho d’água começaram nessa quinta-feira (17) e vão durar dez meses. Isso quer dizer que, em janeiro do ano que vem, a lagoa estará em condições adequadas para a prática de pesca amadora e iatismo.
Para chegar a este nível, a água tem que ser enquadrada na Classe 3, conforme normatização do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Para ser classificada como tal, a Lagoa da Pampulha tem que cumprir uma série de parâmetros como, por exemplo, reduzir em 91,3% o nível de fósforo na água. O índice de coliformes tem que cair 99,5% e o de cianobactérias deve ser reduzido em 85%.
O trabalho, orçado em cerca de R$ 30 milhões, não foi iniciado anteriormente, segundo o prefeito Marcio Lacerda, porque, entre outras coisas, não havia a coleta adequada de esgoto por parte da Copasa.
“Nós adiamos a contratação do processo de limpeza e despoluição da água dentro da barragem porque a Copasa não estava conseguindo cumprir o cronograma de coleta de esgotos dos córregos que deságuam na barragem em função de problemas de desapropriação e de outros tipos de atrasos”, afirmou o prefeito de BH, durante o anúncio do início das ações na Pampulha na manhã dessa quinta-feira (17).
Cobertura da rede
De acordo com dados apresentados pela Prefeitura, o atual índice de cobertura do sistema de esgotamento sanitário na bacia hidrográfica da Pampulha é de 87%. O valor deve chegar a 95% até o fim do ano, já que as desapropriações, que estavam adiando o processo, foram resolvidas.
Mas é preciso também que o esgoto que ainda possa estar eventualmente caindo em córregos ou em fossas sépticas, inclusive na região da Pampulha, possa ser ligado na rede de captação. Para que isso ocorra, o prefeito promete sanção em caso de descumprimento.
“Estaremos usando inclusive a Vigilância Sanitária para autuar e até multar aquelas residências ou comércios que tenham condição financeira de o fazer e não estão ligando o esgoto na rede”, ressaltou Lacerda.
Para que o objetivo de limpeza da lagoa seja alcançado, será utilizada uma tecnologia para reduzir o excesso de nutrientes na água e inibir a proliferação de algas, reequilibrando o ambiente aquático.
Serão aplicados os produtos químicos Phoslock e Enzilimp, este último usado recentemente na descontaminação da Marina da Glória, no Rio de Janeiro, na preparação do evento teste para as Olimpíadas deste ano.
A aplicação do Phoslock na Pampulha será a terceira experiência com o produto no Brasil. Nas duas anteriores, houve redução drástica do índice de fósforo na água já nos primeiros dias após o uso.
Em Belo Horizonte, a análise da água será feita a cada três meses para que seja confirmada a ocorrência de resultados positivos. O pagamento do contrato está sujeito à conferência dos índices.
Medidas
A limpeza e despoluição da Pampulha fazem parte do programa Pampulha Viva, que já viabilizou a retirada de 850 mil metros cúbicos de sedimentos da lagoa no prazo de um ano (em 2013 e 2014).
Para assegurar a manutenção do desassoreamento, será lançado um edital de licitação para a retirada de 115 mil metros cúbicos de sedimentos por ano, a partir do segundo semestre de 2016, por um período de quatro anos. O custo do serviço está orçado em cerca de R$ 83 milhões.
Etapas do processo de limpeza:
1ª etapa = Aplicação do Enzilimp
- Tempo de aplicação: 5 dias
- Tempo de ação: 10 dias
- Função: degradação da matéria orgânica e redução de coliformes
- Aplicação nos córregos afluentes para redução de cargas de DBO e coliformes
2ª etapa = Aplicação do Phoslock
- Tempo de aplicação: 5 dias
- Tempo de ação: 2 a 7 dias
- Função: redução de fósforo na água e sedimento, redução de clorofila e redução de cianobactérias
Serão coletadas periodicamente amostras da água e de sedimentos em diversos níveis de profundidade. As amostras serão enviadas a um laboratório na Alemanha e a outros dois no Brasil, um em Minas Gerais e outro no Rio Grande do Sul.
A partir dessas análises, será elaborado um diagnóstico das condições da água. A produção e a atualização permanente desse diagnóstico serão essenciais para a caracterização dos avanços alcançados ao longo dos trabalhos.