Um dia após a decisão judicial autorizando a reabertura de bares e restaurantes na capital, o prefeito Alexandre Kalil reforçou que a intenção da administração municipal, orientada pelo Comitê de Enfrentamento à Covid-19, é permitir a volta dos setores apenas quando houver melhoras nos indicadores da doença na cidade. A afirmação foi feito durante entrevista à TV Globo Minas.
“Nós não temos data. Temos que ver os números. Nós aumentamos de 80 para 700 o número de leitos em BH porque nós não queremos que ninguém morra de desassistência”, disse.
Alexandre Kalil não deu previsão de quando os índices de transmissão e ocupação de unidades de terapia intensiva podem começar a melhorar. Conforme dados divulgados ontem, a metrópole tem 91% das vagas de UTI para paciente com Covid ocupadas.
Ainda sobre ter sido chamado de “tirano” na decisão proferida pelo juiz Wauner Batista, da 3ª Vara de Feitos da Fazenda Pública Municipal, o prefeito avaliou como uma agressão gratuita e que apenas cumpriu o dever dele, definido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de que os prefeitos são responsáveis por gerenciar a pandemia nas cidades.
“Então, como eu estou exercendo a tirania? Eu queria que quem tivesse mandando aqui fosse o presidente (da República), mandando as ordens. Não quero esse desgaste para mim, não. Mas eu fui eleito para proteger a população”, declarou.
Boletim da prefeitura indica que a taxa de ocupação de UTIs para Covid continua alta, acima de 90%
Isolamento social
Ainda durante a entrevista, o prefeito pediu à população que reforçasse o isolamento social. Mesmo com o recuo na flexibilização da quarentena, em 29 de junho, o índice está nos mesmos patamares de quando vários segmentos comerciais estavam autorizados a abrir as portas.
Kalil garantiu que há fiscalização. “Todo nosso efetivo da Guarda (Municipal) está por conta disso, mas a cidade é muito grande. Nós não somos Vitória (ES), Florianópolis (SC): somos a terceira capital do país. A indisciplina, o egoísmo, a falta de empatia de alguém (que não respeita o isolamento) têm que ser vista com indignação. Tenho ajuda da PM, que tem contribuído muito, mas nós precisamos da ajuda da população”, declarou.
Ofício
O mandado de segurança expedido em favor da Abrasel também movimentou o Conselho Municipal de Saúde (CMSA). Ontem, a entidade encaminhou um ofício ao presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Gilson Lemes, pedindo a revisão da decisão do juiz Wauner Batista Ferreira Machado, da 3ª Vara de Feitos da Fazenda de Belo Horizonte.
Como justificativa para a solicitação, o conselho reforçou o cenário da Covid-19 em Belo Horizonte. Os números de pessoas infectadas e mortes em decorrência da doença na cidade e as taxas de ocupação dos leitos de UTI, referentes à última segunda-feira, embasaram os argumentos.
No documento, o CMSA destacou que a reabertura do comércio em Belo Horizonte, a partir de 25 de maio, impactou no avanço das estatísticas de doentes na metrópole.
O Hoje em Dia tentou contato com o TJMG para comentar o assunto, mas não conseguiu fonte até o fechamento desta edição.