PC descarta grupo de extermínio, mas investiga policiais em mortes de jornalistas no Vale do Aço

Hoje em Dia
19/04/2013 às 17:29.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:58

A Polícia Civil descartou a existência de um grupo de extermínio na região do Vale do Aço, onde dois jornalistas investigativos foram executados em dois meses, mas confirmou que investiga a participação de policiais civis e militares no crime. Além das duas mortes, o suspeitos podem estar envolvidos em outros 13 homicídios ocorridos na região nos últimos anos. Na tarde desta sexta-feira (19), o chefe da PC, Cylton Brandão da Matta, garantiu que haverá novidades, para os próximos dias, sobre as investigações dos crimes. Durante coletiva de imprensa, Cylton Brandão informou que mudou o comando da PC no Vale do Aço. A partir de agora, o delegado-corregedor Elder Dângelo passa a acumular a chefia do 12º Departamento, que coordena o trabalho de seis delegacias regionais (Ipatinga, João Monlevade, Itabira, Caratinga, Manhuaçu e Ponte Nova). Outra mudança anunciada é a substituição do delegado regional de Ipatinga, Gilberto Simão de Melo, pela delegada Irene Angélica Franco e Silva Guimarães.    “Os dois delegados que estão saindo deixam os cargos com mérito, mas a chegada dos novos chefes vai marcar uma nova fase da Polícia nesta região. A vinda do delegado-corregedor, mesmo que interinamente, dá a dimensão das mudanças que estamos fazendo e sinaliza claramente a nova fase que estamos iniciando”, pontuou.   Segurança   O chefe da PC garantiu que os jornalistas que atuam na região do Vale do Aço devem trabalhar de forma livre. "Nunca recebemos nenhum pedido de proteção para jornalistas. Mas se algum profissional achar necessário, pode procurar nossos policiais aqui. Podem me acionar em Belo Horizonte, estamos à disposição. Vamos tomar as providências e acionar também a estrutura que o governo do Estado dispõe, junto à Secretaria de Desenvolvimento Social, para proteger testemunhas”.   Ele aproveitou para confirmar que o deputado estadual Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) informou à corregedoria da Polícia Civil que o jornalista Walgney Carvalho corria risco de vida. “O comunicado foi feito ao delegado Antônio Gama e ele imediatamente acionou a nossa equipe aqui em Ipatinga. Carvalho foi ouvido, disse que não se sentia ameaçado e que não precisava de proteção. Isso está nos autos e assinado por ele”.    O jornalista e fotógrafo Walgney Carvalho foi assassinado no último dia 15 e a polícia ainda não pode afirmar que a motivação tenha ligação com o assassinato de Rodrigo Neto, ocorrido no dia 7 de março, também em Ipatinga. “Não podemos descartar qualquer linha de investigação, mas em breve teremos em mãos elementos capazes de nos ajudar nas apurações", afirmou Cylton Brandão.   Depois da coletiva, o chefe da PC visitou a redação do Jornal Vale do Aço, onde trabalhavam os dois jornalistas assassinados.   Execução   O jornalista Rodrigo Neto foi executado a tiros, no dia 8 de março, quando estava em um bar do bairro Canaã, em Ipatinga. O repórter era especializado na cobertura de notícias policiais e durante sua carreira denunciou diversos crimes, inclusive envolvendo policiais militares e civis.   Segundo a Polícia Militar, ele saía de um churrasquinho na avenida Selim José de Sales, quando dois homens chegaram em uma motocicleta escura e atiraram em sua direção. A vítima foi alvejada na cabeça e no peito. Ele chegou a ser socorrido com vida, mas morreu a caminho do Hospital Márcio Cunha. Os executores fugiram e ainda não foram localizados ou identificados.   Já o fotógrafo Walgney Assis Carvalho foi morto com dois tiros na noite do dia 14 de abril, , em Coronel Fabriciano, no Vale do Aço. Ele estava no bar Pesque Pague, no bairro São Vicente, quando foi atingido por tiros na cabeça e na axila. O autor dos tiros chegou no local em uma moto e usava capuz no momento do crime. Após disparar contra o fotógrafo, o suspeito fugiu com um comparsa em uma moto NX preta. A vítima era divorciada e tinha uma filha. Ele também prestava serviço para a Polícia Civil.

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