Polícia investiga

Pedagoga denuncia racismo dentro de grande rede de artigos para casa, em BH

Pedro Faria
pfaria@hojeemdia.com.br
14/03/2023 às 12:54.
Atualizado em 14/03/2023 às 13:43
 (Reprodução redes sociais)

(Reprodução redes sociais)

A simples ida até uma grande rede de artigos para casa nessa segunda-feira (13) virou caso de polícia em Belo Horizonte. A pedagoga Marcela Alexandre, de 34 anos, denuncia ter sido vítima de racismo na loja, que fica dentro de um shopping no bairro União, na região Nordeste da capital. Transtornada pelo constrangimento, ela prestou queixa nesta terça (14), e a polícia investiga o caso. O estabelecimento alega apenas que houve um problema no sistema de pagamento por Pix. 

Marcela conta que foi até o local com uma amiga para comprar lâmpada, tinta e plantas, dentre outros produtos. Na hora do pagamento, optou por utilizar o Pix. Já no caixa, o sistema não reconheceu a compra.

“Demorou uns cinco minutos. Eu estava esperando, o dinheiro saiu da minha conta na hora. Juntei minhas coisas, recolhi e comecei a ir embora. Eles pediram pra eu esperar porque não tinha computado ainda. Em seguida, madaram ir em um outro caixa".

Segundo ela, outra atendente disse que que poderia demorar até 40 minutos para que a compra fosse reconhecida. "Eu tinha compromisso e não podia ficar mais. Mostrei minha conta, o dinheiro já tinha saído. Ofereci de deixar os meus documentos e telefone, mas não ia deixar os produtos”, relatou.

Após mais de uma hora dentro da loja, Marcela optou por ir embora com os produtos, já que tinha outro compromisso. A partir daí a confusão começou. Os seguranças seguiram ela e a amiga pelo shopping até a garagem. 

“Peguei minhas coisas e saí andando com minha amiga. A mulher mandou os seguranças abordarem a gente. Continuamos andando e, quando aproximamos do carro, um deles me pediu para parar. Foi quando eu optei por gravar. Eles vieram pedindo para voltar para loja e eu não quis, porque ninguém me atendeu da maneira certa. Eu tinha pago as coisas e iria embora normalmente. Uma outra funcionária ainda tentou pegar a sacola da minha mão. Era uma situação racista. Eles não fizeram nada, só colocaram os seguranças para ir atrás da gente. Fomos para a garagem, tiraram foto, me ameaçaram, falando que eu estava levando coisa sem pagar e que iriam chamar a polícia. Eu estava muito nervosa, fui exposta por eles de uma maneira covarde”, contou.

A pedagoga chegou em casa, fez uma reunião de trabalho e voltou para a loja. Lá, foi recebida por um gerente que explicou ter ocorrido instabilidade no sistema, o que impediu o reconhecimento da compra.

Nesta manhã, ela foi até uma delegacia da Polícia Civil junto com um advogado para registrar um boletim de ocorrência. Nervosa e angustiada, disparou. “Se fosse uma mulher branca não teria esse tipo de abordagem. Eles fizeram isso porque éramos duas mulheres pretas. Eu estava no meu direito. Eles não pensaram na hora de me expor no meio de um shopping todo. Quero que as pessoas não passem mais por isso. É uma humilhação muito grande. É muito doloroso”, desabafou Marcela.

O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Investigação de Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias Correlatas (DECRIN).

Em nota, a rede de artigos para casa informou que a compra não foi reconhecida devido a um problema no sistema. A empresa disse que realizou um estorno da compra ainda na noite de segunda. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por