Pelo menos seis adolescentes são flagrados alcoolizados por dia em BH

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
06/09/2014 às 07:45.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:05

(Luiz Costa)

Todos os dias pelo menos seis adolescentes são flagrados alcoolizados pelo Comissariado da Vara da Infância e da Juventude, em Belo Horizonte. O número já é duas vezes superior ao registrado em todo o ano passado. Na maioria das vezes, os jovens têm idades entre 14 e 16 anos e são abordados em festas privadas e eventos públicos de grande porte.

Não bastasse ser feito na ilegalidade, o consumo de bebida alcoólica, cada vez mais comum fora da maioridade, quase sempre vem acompanhado de situações perigosas que colocam em risco não só a saúde, mas a vida dos adolescentes. Há um mês, por exemplo, a pedagoga C., de 50 anos, viu de muito perto os efeitos nocivos do consumo precoce e desenfreado do álcool.

“Quando chegamos, ele já estava totalmente apagado e, no hospital, foi diagnosticado o coma alcoólico”, conta, lembrando o episódio em que o filho caçula, de 14 anos, perdeu os sentidos após ingerir, de uma vez, meio litro de vodca pura.

O caso não é isolado. “Beber antes dos 18 anos, de certa forma, é um aprendizado, já que é nessa fase que conseguimos descobrir nossos limites. Já passei muito mal e, assim como eu, vários amigos também. E todos bebem”, afirmou V., de 17 anos, que bebe desde os 14, todos os fins de semana.

Segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 2012, 54% dos brasileiros com mais de 14 anos consumiram bebida alcoólica uma ou mais vezes por semana.

Multa

Na capital mineira, estabelecimentos flagrados vendendo ou servindo qualquer tipo de bebida alcoólica a adolescentes estão sujeitos a multa que varia de R$ 1.448 a R$ 14.480. Neste ano, de janeiro a agosto, 187 estabelecimentos ou organizadores de festas foram autuados. No total, foram realizadas 20.831 fiscalizações. Em 2013, foram 29.601 vistorias e 208 multas aplicadas.

“Entendo que os adolescentes têm feito e participado de mais festas do que antes. Por dia, recebemos de uma a duas denúncias de situações com irregularidade ligada ao uso de álcool”, explicou a coordenadora do Comissariado da Vara da Infância e Juventude de BH, Ângela Maria Xavier Muniz.

A psicóloga e psicanalista Sônia Flores condena o consumo de álcool por adolescentes e diz que é preciso agir com rigor para eliminar essa conduta. “Não é minimamente aceitável que isso ocorra. Os pais precisam aprender a suportar as reações adversas dos filhos que, muitas vezes, bebem para escapar da timidez ou se opor às leis sociais”, disse.   Efeitos nocivos ao organismo
Depressor do Sistema Nervoso Central (SNC), o álcool produz uma série de efeitos nocivos ao organismo. Entre os principais estão destruição de neurônios e perda progressiva da capacidade cognitiva. A longo prazo, o uso de bebidas alcoólicas também pode levar à inflamação no fígado.

“Não são raros os casos de hepatite alcoólica. Além disso, também podem ser desenvolvidas gastrite, amigdalite, lesões nas vias aéreas e digestivas”, acrescenta o toxicologista Délio Campolina, coordenador da Unidade de Toxicologia do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na capital.

Menina que teve overdose está na UTI

A adolescente de 17 anos que sofreu uma overdose na última quarta-feira, em uma escola pública de Belo Horizonte, continua internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Unimed.

Conforme relato de testemunhas à Polícia Militar, a jovem era usuária de drogas e naquele dia teria chegado à instituição de ensino sob efeito de entorpecente. O pai da garota também teria admitido que ela usa cocaína.

A pedido da família, a assessoria de imprensa da Unimed de Belo Horizonte não informou o estado de saúde da adolescente nem confirmou que ela tenha sido internada pelo uso excessivo de drogas.

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