Pelo menos seis pessoas são atacadas, todos os dias, por escorpião na capital

Letícia Alves - Hoje em Dia
27/02/2016 às 07:45.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:36

Casos envolvendo escorpiões representam mais de 70% do total das 243.716 ocorrências registradas entre 2018 e outubro de 2022. (Eugênio Moraes - Hoje em Dia)

O número de pessoas encaminhadas ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS) feridas por picadas de escorpião aumentou 40% em janeiro deste ano, com relação ao mesmo período do ano anterior. Ao todo, foram atendidas 183 pessoas, o que representa uma média de seis incidentes por dia.

O aumento também foi verificado em todo o ano passado, em comparação a 2014. O crescimento foi de quase 10%, totalizando 1.685 casos pacientes.

Segundo o coordenador do Centro de Toxicologia do hospital, Délio Campolina, o crescimento vem sendo observado nos últimos anos. “Janeiro bateu recorde de todos os nossos registros, mas não foi considerado um surto”, afirmou.

De outubro a fevereiro, é comum o aumento do número de acidentes com escorpiões em função do calor e da chuva. Em temperaturas mais elevadas, os aracnídeos se reproduzem mais facilmente. Quando há chuva, eles acabam desalojados e procuram locais seguros, no caso, as residências.

Minas Gerais

A elevação dos registros de acidentes com escorpiões também foi verificada no âmbito estadual. De 2007 a 2014, o crescimento foi de 124%. Nesse período, Minas liderou o ranking de incidentes, com 78.315 casos, fincando atrás apenas de São Paulo, de acordo com levantamento feito pela empresa By Control.

“Está ligado ao comportamento e expansão demográfica da população. O habitat do escorpião é reduzido, e ele acaba invadindo a área urbana”, explica a bióloga da By Control, Daniela Fernanda dos Santos.

Outros fatores, como a maior quantidade de lixo e entulho nas cidades, além do maior rigor na notificação dos casos, também contribuíram com a quantidade mais significativa de casos, avalia Daniela.

Atenção

O HPS é referência no atendimento a vítimas de escorpiões. As recomendações para evitar o encontro indesejado com esse bicho são várias. “A pessoa não pode perder tempo com medidas caseiras, como passar fumo e batata. Isso não adianta nada. Tem que pegar e levar para o atendimento”, esclarece o toxicologista Campolina.

Em pacientes graves, é administrado soro específico, produzido a partir do veneno do escorpião. Em quadros clínicos mais brandos, pode ser utilizada apenas medicação para controlar a dor no local da picada.

Consequências mais graves ocorrem em crianças menores de 6 anos, que podem apresentar vômito, sudorese excessiva e até arritmia e insuficiência respiratória.

Nesses casos, é preciso encaminhar a vítima a uma unidade de saúde o mais rápido possível, alerta Campolina.

Noroeste tem, além do Aedes, muito animal peçonhento
 
Infestações de escorpião foram responsáveis por 1.377 vistorias em Belo Horizonte somente no ano passado. A região Noroeste, que já é a mais afetada pela epidemia de dengue, com 545 confirmações da doença, foi a que teve o maior número de reclamações sobre a presença do aracnídeo (263 chamados).

Em seguida, vêm a Centro-Sul (214) e a região da Pampulha (202). As visitas solicitadas são atendidas em até dez dias por equipes de controle de zoonoses.

Empresas de dedetização utilizam inseticidas específicos para combate a escorpiões. Já a prefeitura adota outro tipo de estratégia: recolhe lixo, entulho e outros materiais que possam estimular a infestação.

Atualmente, 1.500 agentes de combate a endemias fazem as vistorias contra escorpiões. Eles também realizam o combate ao Aedes aegypty.

Perigo

Apesar de já terem acionado a prefeitura diversas vezes para eliminar a infestação de escorpiões, moradores de um condomínio no bairro Jaqueline, região Norte, convivem diariamente com o risco de sofrer uma picada.

“Já perdi a conta de quantos achei dentro de casa. Foram mais de dez, com certeza”, diz uma moradora do residencial, que pediu para não ter o nome divulgado.

De acordo com ela, o problema já dura pelo menos cinco anos. “Agentes da prefeitura não encontraram o foco e disseram que não podem fazer nada”, contou. A prefeitura informou ter realizado visitas ao local, sendo a última em agosto, e que irá retornar nos próximos dias.

Procedimentos

As reclamações sobre focos de escorpião são feitas por meio do Serviço de Atendimento ao Cidadão da prefeitura, no telefone 156.

Dúvidas sobre como proceder em caso de incidentes podem ser esclarecidas também pelo serviço de atendimento do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS). Os telefones são: (31) 3224-4000 e (31) 3239-9308. (Com Renata Galdino)
 

 

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