Nove em cada dez brasileiros culpam a Samarco, que é controlada pela Vale e pela BHP Billiton, pela tragédia ocorrida há dois meses no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, região Central de Minas. O dado é da agência de pesquisa de mercado e inteligência Hello Research, que apontou que 89% dos 1.200 entrevistados consideram que a mineradora foi a responsável pelo rompimento da barragem Fundão.
Mas a empresa não foi a única a levar o crédito pelo maior desastre ambiental nacional. A pesquisa mostrou que, as falhas na fiscalização por parte do Governo de Minas têm culpa para 73% dos entrevistados. Já o Governo Federal também foi considerado responsável pela tragédia para 62%.
“Aliado ao grande conhecimento do desastre, isso se mostra um golpe de grande magnitude para a imagem das empresas envolvidas, que precisam dar respostas à altura para a sociedade. E, apesar de terem sido menos citados, os governos também precisam melhorar suas respostas a essa crise já que também são apontados como culpados por mais da metade da população”, destaca o CEO da Hello Research, Davi Bertoncello.
O levantamento mostra ainda que o desastre é mais lembrado na região Sudeste, onde 99% dos moradores ouvidos informaram ter ciência sobre o rompimento da barragem. No Nordeste, o vazamento é conhecido por 97%, no Norte por 94% e no Centro- Oeste por 92%. O Sul foi a região onde a tragédia encontrou menor repercussão, mas ainda assim teve 81% de conhecimento pelos entrevistados.
A barragem Fundão, da Samarco, se rompeu no dia 5 de novembro de 2015. O vazamento provocou uma "tsunami" de rejeitos de minério, devastou vilarejos, matou 17 pessoas e deixou outras duas desaparecidas.
O colapso da barragem gerou uma onda de lama que percorreu 55 km do Rio Gualaxo do Norte até atingir o Rio do Carmo, no qual percorreu mais 22 km, e chegar ao Rio Doce, no qual viajou mais algumas centenas de quilômetros até chegar ao mar, 16 dias depois, no norte do Espírito Santo. No total, segundo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 663 km de rios foram diretamente impactados.
No trajeto, aproximadamente 40 bilhões de litros de rejeitos de minério matou várias espécies de peixes. As causas do acidente ainda são desconhecidas e estão sendo investigadas.