(John Norton / Creative Commons Attribution 2.0 Generic)
É escutando os pássaros que um grupo de cientistas mineiros vai investigar o quanto a diversidade de aves pode ser útil para o controle biológico de pragas como lagartas e besouros. Conduzido pelo professor Lessando Gontijo, orientador do Programa de Pós-Graduação em Entomologia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o estudo será desenvolvido em parceria com a Wageningen University, da Holanda.
A proposta é inédita: mensurar, no Brasil e no país europeu, os sons emitidos pelos pássaros em uma determinada região e correlacionar os dados com informações sobre a população de insetos no local.
A primeira visita do grupo de cientistas holandeses ao Campus Florestal da UFV deve acontecer até fevereiro, e estão previstas coletas de dados também na Holanda.
“A ideia é criar uma metodologia, usando um dispositivo que nos permite, no campo, captar e gravar sons, barulhos, diferentes cantos de pássaros, e através disso, estimar a diversidade de aves. A gente consegue dizer, por exemplo, que em determinada área tem dez diferentes espécies de pássaros, e quais são essas espécies. E a entomologia entra no momento em que vamos correlacionar isso com o nível de pragas, na cultura agronômica”, explica o professor.
Segundo ele, a meta principal é avaliar se a diversidade de aves pode ser útil para controlar as pragas, principalmente besouros e lagartas. “Será que há uma correlação direta (entre a diversidade de aves e as pragas)? Onde temos uma diversidade mais alta, será que temos menos pragas, menos lagartas?”, questiona.
O projeto multidisciplinar foi aprovado em um edital europeu conhecido como “Wild Card” e envolve pesquisadores nas áreas de física, ecologia e entomologia das duas universidades. Em princípio, estão envolvidos alunos de iniciação científica orientados pelo professor Lessando e pós-graduandos da Wageningen University, que virão ao Brasil. Ainda está em aberto a possibilidade de pós-graduandos brasileiros colaborarem diretamente para o projeto.
“Essa interação é muito boa para a Entomologia, para a UFV, porque engrandece nosso trabalho, e contribui diretamente para a internacionalização da universidade”, diz Lessando, destacando ainda a chegada de recursos internacionais para custear bolsas e materiais dos experimentos.
O projeto tem duração inicial de dois anos. A expectativa é a de que, até o fim de 2023, aconteça toda a coleta de material e análise dos dados.
*Com informações do portal de Pós-graduação em Entomologia da UFV
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