Quase 100 mil mineiros ficaram sem luz, só nos quatro primeiros meses deste ano, após 458 ocorrências envolvendo o uso de linha chilena ou cerol na rede elétrica. Apenas na Grande BH foram 174 casos, prejudicando 44 mil clientes. O alerta contra a prática ilegal ganha força nesta época do ano, marcada pelo clima seco e ventos fortes que incentivam crianças e jovens a empinar pipa.
A Cemig reforça a urgência por cuidados para que não ocorram acidentes, que podem matar. Na semana passada, um motociclista de 23 anos perdeu a vida após ser cortado por uma linha chilena na MG-010, em Vespasiano, na região metropolitana.
O técnico de Segurança do Trabalho da Cemig, Cesar de Jesus Souza, orienta que a brincadeira de soltar pipas não deve ser realizada em áreas urbanas. De acordo com o especialista, a prática deve ser feita em áreas abertas e distantes da rede de distribuição da companhia.
“Hoje em dia, com a grande quantidade de rede de distribuição nos centros urbanos, a brincadeira de soltar pipas ficou inviável nesses locais. Caso a pipa fique presa em um componente da rede elétrica, a pessoa pode tomar um choque de até 13,8 mil volts. Por isso, é fundamental que os pais orientem os seus filhos para evitar acidentes que podem até matar”, destaca.
Nunca se deve tentar resgatar pipas presas na rede elétrica
Cesar Souza alerta que nunca se deve tentar resgatar pipas presas na rede elétrica, pois o risco de acidentes é muito grande.
"As redes de distribuição, de transmissão e as subestações da Cemig são construídas dentro dos padrões das normas técnicas brasileiras, com características e distanciamentos que são seguros. Dessa forma, a aproximação indevida e o uso de cerol e linha chilena têm sido os motivos dos principais acidentes com a rede elétrica da companhia", alerta Cesar.
Por isso, o especialista pede consciência aos pais e jovens para evitar a soltura de pipas em ambientes próximos da rede da Cemig e também não utilizar, em hipótese alguma, as linhas cortantes. "As consequências das ocorrências podem ser catastróficas para um hospital, por exemplo”, adverte o técnico da empresa de energia.
Outro risco é que o uso do cerol pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor e provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede. Além disso, Cesar Souza conta que muitas crianças amarram pipas com arames e fios. “São materiais altamente condutores e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos da rede de energia, causando o choque elétrico”.
As linhas cortantes também causam perigo a outras pessoas. “Quando alguém utiliza uma linha cortante ela pode cortar os cabos de energia e causar acidentes graves para quem está brincando ou com outras pessoas. Nunca se deve usar cerol ou linha chilena neste tipo de brincadeira”.
Lei proíbe uso de linhas cortantes em Minas
A lei 23.515/2019 proíbe cerol ou linha chilena em Minas. A legislação veda a comercialização e o uso de linha cortante em pipas, papagaios e similares, estabelecendo multa para quem for flagrado. A autuação varia de R$ 5.279,70 a R$ 263,98 mil (em casos de reincidência).
Quando a linha cortante apreendida estiver em poder de uma criança ou adolescente, os pais ou responsáveis serão notificados da autuação e o caso será comunicado ao Conselho Tutelar.
* Com informações da Agência Minas
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